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"Polícia Civil está abandonada", diz delegado em carta

Segundo titular da Dcod, falta de estrutura prejudica trabalho de investigação; desabafo foi publicado um dia após a morte do inspetor Lemos em Acari 

Rio de Janeiro|Jaqueline Suarez, do R7*

Delegado diz que viaturas estão sucateadas e "blindados só funcionam com gambiarras"
Delegado diz que viaturas estão sucateadas e "blindados só funcionam com gambiarras" Delegado diz que viaturas estão sucateadas e "blindados só funcionam com gambiarras"

O delegado Felipe Curi, títular da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), fez um desabafo na internet sobre as precárias condições de trabalho na Polícia Civil. A publicação foi feita um dia após a morte do chefe de investigações da especializada, Ellery de Ramos Lemos, de 51 anos, durante operação na favela de Acari, zona norte do Rio de Janeiro.

Lemos começou a carreira na tropa de elite da Polícia Civil, a Core (Coordenadoria de Recursos Especiais). Ele e Curi, já haviam trabalhado juntos em oito unidades especializadas da corporação e mantinham uma relação de amizade, segundo descreve o delegado da Dcod. 

"Foi com ele que aprendi tudo de operação [...] Um grande chefe de investigações, um grande irmão, um grande amigo, com quem passava mais tempo do que com a minha família".

Em outro trecho da publicação, Felipe Curi fala sobre a falta de estrutura e afirma que "a Polícia Civil está abandonada". 

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"Não temos acesso às modernas ferramentas de inteligência. Viaturas que mais parecem sucatas ambulantes. Os Blindados só funcionam com gambiarras e sempre quebram nos locais mais perigosos. Por vezes temos que implorar para uma interceptação telefônica, por um mandado de prisão".

O delegado defende o fortalecimento do núcleo de investigações e ressalta que segurança pública não pode ser feita apenas com armas, viaturas e policiamento ostensivo. Dessa forma, segundo ele, "a situação só irá piorar".

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"Não conheço outro local no mundo, em situação de paz, que tem mais de 60.000 armas de grosso calibre nas mãos de marginais em regiões onde a polícia só entra com aparato de guerra. Esse é o verdadeiro Rio de Janeiro. Realmente estamos em guerra", escreveu o títular da Dcod.

Apesar de todas as dificuldades e carências apontadas por Curi, ele garante que a Polícia Civil "tem o dom de se reinventar" e que a própria corporação chegará aos responsáveis pela morte do inspetor Lemos. "Não ficará impune!", garantiu.

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Esta não é a primeira denuncia sobre as condições de trabalho na Polícia Civil. Há uma semana, o delegado Brenno Carnevale da DH/Capital (Divisão de Homicídios da Capital), também relatou dificuldades nas investigações devido a a falta de estrutura. A denúncia foi feita em uma carta endereçada à vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada no dia 14 de março.

Ellery de Ramos Lemos foi o terceiro policial civil morto no Estado este ano. O Disque Denúncia divulgou um cartaz oferecendo recompensa de R$ 5 mil por informações que ajudem a identificar e prender os autores do crime.

O inspetor foi atingido na cabeça durante uma operação na favela de Acari, na manhã de terça-feira (12). Ele chegou a ser socorrido, mas morreu à caminho do hospital. O enterro de Lemos será hoje, às 15h30, no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na zona oeste da cidade.

Procurada, a Seseg (Secretaria de Segurança Pública) não comentou o assunto. O Gabinete de Intervenção Federal e a Polícia Civil não retornaram o contato até a publicação desta matéria.

*Estagiária do R7, sob supervisão de PH Rosa

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