A Policia Civil do Rio indiciou, nesta quinta-feira (4), o jogador colombiano Ramírez, do Bahia, pelo crime de injúria racial contra o meia Gerson, do Flamengo.
O caso aconteceu na partida entre Flamengo e Bahia no Maracanã, em dezembro, pelo Campeonato Brasileiro.
Durante o jogo, Gerson afirmou que Ramírez se dirigiu a ele e disse: "Cala a boca, negro". Já Ramírez negou ter sido ofensivo. O colombiano declarou ter dito: Joga rápido, irmão."
A Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) informou ter ouvido todas as testemunhas, além de ter analisado a súmula do jogo e as imagens apreendidas.
A investigação apontou a imediata reação da vítima, que ficou muito abalada com a agressão sofrida, passando a apresentar comportamento diferente do normal no vestiário, muito cabisbaixo e se recusando a encontrar parte do elenco após o jogo.
Gerson declarou que estava tão indignado que, logo após o encerramento da partida, ainda no gramado, precisou externar a indignação em entrevista para imprensa.
A delegacia especializada concluiu que o conjunto de provas corroborou a versão da vítima desde o momento em que disse ter sofrido a agressão até o comportamento de Gerson após o término da partida.
Em nota, o Bahia lamentou o indiciamento de Ramírez e questionou a condução do caso pela polícia do Rio. O clube declarou que não desmerece a palavra de Gerson, mas também considera a presunção de inocência do atleta colombiano.
Leia a nota oficial
"O Esporte Clube Bahia vem a público lamentar o indiciamento do meia-atacante colombiano Indio Ramírez pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, muito embora a notícia não cause surpresa, tendo em vista as manifestações públicas preliminares da delegada do caso à imprensa especializada.
'Nosso jogador'. Assim ela se referiu ao volante Gerson, do Flamengo, responsável pela acusação – e que não compareceu ao depoimento perante a Justiça Desportiva -, indicando espectro de notória parcialidade.
O clube teve acesso à integralidade dos depoimentos colhidos no inquérito e pode afiançar à sociedade e à torcida tricolor que a decisão foi absolutamente despida de qualquer fundamentação probatória.
Em todos os momentos do episódio, o Bahia se comportou em busca da verdade dos fatos, sem desmerecer a palavra de Gerson, mas também considerando a presunção de inocência do seu atleta e a necessidade de se produzir prova robusta e incontestável.
Sem a apresentação de fatos novos, conforme aguardamos por mais de um mês, a diretoria tricolor seguirá apoiando Ramírez e tem convicção de será feita Justiça, ao tempo em que reafirma a sua posição de clube expoente da luta antirracista no futebol brasileiro".