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Prefeitura do Rio deverá economizar R$ 1,7 bilhão com revisão de contratos, diz secretária

Ao R7, Maria Eduarda Berto diz que cortes serão determinados até abril

Rio de Janeiro|Fernando Mellis, do R7

Maria Eduarda (foto) comanda secretaria responsável pelas finanças municipais
Maria Eduarda (foto) comanda secretaria responsável pelas finanças municipais Maria Eduarda (foto) comanda secretaria responsável pelas finanças municipais

A equipe de Marcelo Crivella (PRB) assumiu a Prefeitura do Rio de Janeiro em um dos piores momentos do Estado, atolado em dívidas que resultaram em atrasos de salários de servidores e quase em paralisação da máquina estadual. Nesse cenário, a gestão municipal tenta não se contaminar e manter as contas em dia.

Além disso, o município também acaba suprindo algumas lacunas deixadas por serviços prestados pelo Estado. A secretária municipal de Fazenda, a economista Maria Eduarda Gouvêa Berto, é a responsável por manter a saúde orçamentária da segunda maior cidade do País.

Em entrevista ao R7, ela fala de uma conta de R$ 300 milhões que a gestão anterior deixou pendente, sem dinheiro em caixa para pagar. Maria Eduarda também destaca o duro ajuste fiscal que a gestão começou, com objetivo de economizar R$ 3,2 bilhões.

Somente com a revisão de contratos, a expectativa é reduzir despesas com custeio e serviço de dívida [juros de empréstimos] em R$ 1,7 bilhão. Até o fim de abril a prefeitura vai determinar quais serão os cortes.

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Leia a seguir os principais pontos da entrevista

A crise no Estado contamina a saúde financeira do município do Rio?

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O município está sofrendo com a recessão do País. Isso se agrava também por estar dentro de um Estado em situação difícil, que gerou inadimplência, que parou de investir, parou de contratar. Não tem como o município não estar sofrendo com isso.

As despesas do município precisam aumentar para fazer frente ao serviço estadual. É um momento em que o município tem que estar presente. Por exemplo, na área da saúde.

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Por outro lado, sexta-feira (10) saiu o relatório de rating da S&P [agência de classificação de risco]. Eles vieram aqui há duas semanas, nós apresentamos o orçamento detalhado, falamos sobre as contas, e no relatório, eles mantiveram a avaliação do município bbb- [na modalidade stand-alone], dois níveis acima do rating do governo federal. Eles continuam confiando nesta administração.

Qual foi a situação do caixa da Prefeitura do Rio deixada pela gestão anterior, de Eduardo Paes (PMDB)?

A única coisa até agora foi que a Controladoria identificou serviços prestados pela gestão anterior que deixaram R$ 1,2 bilhão de restos a pagar, mas só existiam R$ 800 milhões disponíveis. Faltaram R$ 300 milhões.

Nos números de 2016, a receita tributária já ficou bastante aquém daquilo que se previa. Foram R$ 561 milhões a menos do que se esperava. Eram R$ 10,4 bilhões previstos e arrecadou-se R$ 9,8 bilhões.

Por que essa diferença?

Isso ocorreu porque o orçamento é feito com números do primeiro semestre. No primeiro semestre de 2016, a gente ainda tinha um patamar mais alto de receitas, principalmente porque ainda tinham muitas obras olímpicas, o que gera receita de ISS [Imposto sobre Serviços]. Todas as sugestões para o orçamento ficaram baseadas nesse patamar mais alto.

O segundo semestre já teve uma queda e ditou o que deverá ser o começo de 2017. Mas o orçamento deste ano ainda prevê uma arrecadação de R$ 11,2 bilhões, R$ 1,2 bilhão a mais do que 2016.

Quais foram as primeiras medidas tomadas quando você assumiu a secretaria?

Assim que chegamos, vimos que precisávamos ajustar as despesas para a nova realidade de receita. Neste primeiro mês, a gente fez um bom diagnóstico da situação encontrada, do tamanho do desafio necessário, criou um plano de ação já começou a executar, tanto do lado de despesa quanto de arrecadação.

No dia 2 de janeiro, o prefeito determinou corte de 50% de cargos comissionados, 50% de encargos, além de 25% de redução de despesas de custeio e serviço de dívida [juros de empréstimos].

A Fazenda e a Controladoria criaram uma força-tarefa para fazer uma análise crítica dos contratos, para fazer os cortes com inteligência. Cortar 25% de maneira linear não é a melhor forma de fazer. A meta é que tudo tenha sido negociado e implantado até o início de abril. Esperamos cortar pelo menos R$ 1,7 bilhão.

Como fazer os cortes necessários sem afetar serviços públicos?

Vai ser um grande desafio manter a qualidade dos serviços prestados à população e fazer essa redução. Por isso estamos avaliando com inteligência tudo o que será cortado. Os gastos com saúde e educação estão contingenciados e serão liberados conforme autorização de uma comissão.

A prefeitura pretende encontrar outras fontes de receita, como privatizações e concessões?

Sim. Semana passada já saiu um estudo para conceder estacionamentos subterrâneos, estudos de PPP [parceria público-privada] de iluminação pública e tem também outros projetos em andamento de PPP de escolas e creches, similar ao que foi feito em Belo Horizonte.

Além disso, estamos fazendo uma triagem de ativos, terrenos e prédios públicos, que são passíveis de venda, e revendo contratos de concessão que já foram feitos. Até o final do ano isso deve estar concluído.

Esperamos também a aprovação de um projeto na Câmara dos Deputados que permite a venda da dívida ativa do município para os bancos. Inicialmente, geraria uma receita de R$ 300 milhões.

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