Entre janeiro e setembro de 2015, 517 pessoas morreram no Estado do Rio em supostos confrontos com a polícia. Alguns casos ainda estão sob investigação da Polícia Civil. Nesta semana, a Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) criou uma CPI para investigar os autos de resistência no Estado.
Casos como a morte de Eduardo Felipe Santos Vitor, de 17 anos, serão investigados pela CPI. No dia 29 de setembro deste ano, uma moradora do morro da Providência, na região central da capital fluminense, flagrou cinco policiais militares forjando um auto de resistência em um dos becos da comunidade. Nas imagens, PMs colocam uma pistola na mão de Eduardo. Segundo a testemunha, a vítima teria levantado as mãos antes de ser atingida e gritado. Na sequência das imagens, outro policial vira o corpo do adolescente, que até então estava de bruços.
O mesmo agente manipula uma arma de fogo enquanto outro continua mexendo no corpo. Cerca de 20 segundos depois, o policial coloca a arma de fogo na mão da vítima, segura e dispara também para o alto.
Assista ao vídeo: policiais montam cena de crime após morte na Providência
Eduardo morreu na Providência; PMs forjaram morte durante confronto
Reprodução/Rede Record“O que vale são as circunstâncias”
Um vídeo amador mostra um jovem, que seria Eduardo, vendendo drogas na comunidade. A PM diz não ter dúvidas de que seja Eduardo, que vinha sendo monitorado pelo serviço reservado da polícia há dois meses. Fotos anexas à investigação mostram o mesmo rapaz segurando uma arma. Ele já havia sido apreendido por tráfico, injúria e agressão.
De acordo com o delegado da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, os antecedentes criminais do menor não são, a princípio, relevantes para a investigação do caso.
— A vida pregressa é importante, mas o que vale são as circunstâncias que envolvem o caso naquele momento. Mas o fato de ele ter passagem não necessariamente é um fato relevante, mas é importante.
Christian e Eduardo: mortes em comunidades do Rio
ReproduçãoMortes de crianças
Christian Soares, de 13 anos, foi baleado e morto durante operação da Divisão de Homicídios, com apoio da Polícia Militar, em Manguinhos, zona norte da capital fluminense. No dia 8 de setembro, Christian jogava bola em um campo de futebol da comunidade pacificada com outras crianças e adolescentes quando teve que correr para se proteger de um tiroteio, mas não conseguiu.
No dia 2 de abril, Eduardo de Jesus Ferreira morreu com um tiro na cabeça, no Alemão. De acordo com a família, ele estava sentado na porta de casa brincando com um celular quando foi atingido pelas costas. A mãe do garoto ainda acusou os policiais de a ameaçarem de morte. A mãe de Eduardo de Jesus Ferreira, Terezinha de Jesus, afirmou que foi ameaçada por um PM logo após a morte da criança. Em desespero, ela disse ao policial: "Vocês mataram meu filho". E em seguida, ouviu do mesmo agente:
— 'Já que eu matei o filho, a gente também pode matar a mãe.' E apontou a arma para mim.
O inquérito sobre a morte de Eduardo ainda não foi concluído
Entregador de pizza morto na Coroa
O entregador de pizza Rafael Neris, de 23 anos, morreu baleado durante um confronto entre policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e traficantes no Morro da Coroa, em Santa Teresa, região central do Rio, no dia 28 de junho. Na época do crime, Alberto Neris, pai da vítima, acusou o Bope.
— Meu filho foi baleado pelo Bope. Me sinto muito injustiçado. Temos como provar que mataram um trabalhador, uma pessoa de bem.