Ato foi organizado pelo deputado estadual Carlos Minc
Fernando Frazão/Agência BrasilArtistas, ativistas políticos e ambientalistas participaram de um ato em defesa da preservação da Amazônia e contra o decreto do governo federal que liberou as atividades de mineração na Renca (Reserva Nacional do Cobre a Associados). Os manifestantes se concentraram, na tarde desta quinta-feira (31), em frente à sede da Justiça Federal, no centro, em apoio a uma ação popular contra a medida.
O ato foi organizado pelo deputado estadual Carlos Minc (sem partido), ex-ministro do Meio Ambiente do governo Luiz Inácio Lula da Silva e ex-secretário estadual do Ambiente do Rio no governo de Sérgio Cabral.
— Estamos protocolando uma ação popular com pedido de concessão de tutela de urgência à Justiça Federal. O documento mostra os pontos da Constituição que estão sendo atropelados. Este tipo de ato teria que ser por lei. Na área ambiental, a lei diz que você pode criar uma reserva por decreto, mas para diminuí-la ou extingui-la, tem que ser por lei —, defendeu Minc.
Na quarta-feira (30), o juiz Rolando Spanholo, da 21ª Vara Federal de Brasília, já determinou a suspensão do decreto. O diretor de campanhas do Greenpeace Brasil, Nilo Dávila, considerou que é impossível conciliar mineração e conservação do ambiente, como quer o governo federal para a área da Renca, que tem o tamanho aproximado do Espírito Santo.
— Quando você toma uma decisão sem conversar com a sociedade e quando anuncia que existe uma imensa reserva de ouro naquela região, a tendência é que tenhamos uma corrida do ouro para aquelas florestas do Amapá e do Pará. Quando abre uma área de mineração, você cria bolsões de pobreza, como existe em Carajás, além de provocar no entorno um intenso desmatamento —, alertou.
Novo decreto
No início desta semana, após a repercussão, o governo editou um novo decreto sobre a Renca, no qual detalhou melhor as áreas de proteção que não serão atingidas pela liberação da mineração. O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, disse que o decreto proíbe qualquer tipo de extração mineral nos lugares da reserva onde também existem áreas indígenas e de conservação.
A área de proteção foi criada em 1984 pelo governo de João Figueiredo, último presidente do período militar. Na ocasião, foi definida a proteção da área de 47 mil quilômetros quadrados (km²), em uma região entre os estados do Pará e do Amapá.
Desde então, pesquisa mineral e atividade econômica na área passaram a ser de responsabilidade da CPRM (Companhia Brasileira de Recursos Minerais — Serviço Geológico Brasileiro) ou de empresas autorizadas pela companhia. Além do cobre, estudos geológicos apontam a ocorrência de ouro, manganês, ferro e outros minérios na área.