O número de cargas roubadas recuperadas em áreas com UPP’s (Unidades de Polícia Pacificadora) aumentou em 2017. De janeiro até o último domingo (31), foram 198 registros. Destes, 47 aconteceram na Vila Keneddy, zona oeste do Rio, e outros 46 ocorreram no Complexo do Lins, na zona norte. Juntas, as duas áreas somam quase 50% das cargas recuperadas no ano passado pelas unidades.
“Com o crescente aumento da prática do roubo de cargas no Rio de Janeiro, o planejamento foi readequado para reprimir tal tipo de ação e tem surtido efeito”, destacou a nota do Comando das UPP’s, responsável pelo levantamento divulgado nesta terça-feira (2).
Entre janeiro e novembro, o Estado do Rio registrou 9.445 roubos de carga, segundo dados do ISP (Instituto de Segurança Pública).
Apenas no último mês, a unidade do Lins registrou 15 recuperações, além de estourar um galpão utilizado pelos criminosos para armazenar os produtos roubados.
Presos e apreensões
O balanço também divulgou outros dados, como o número de presos e apreensões nessas áreas. Os policiais das UPPs realizaram 1.360 prisões ao longo de 2017, sendo que 31% destes eram suspeitos foragidos do sistema penitenciário. No mesmo período, 419 adolescentes foram apreendidos por envolvimento em práticas criminosas.
As 38 unidades registraram altos índices de apreensões de armas e munições. Foram mais de 2.400 munições encontradas, além de 211 carregadores. Os policiais apreenderam também 250 armas, dentre fuzis e metralhadoras, e outros 109 simulacros.
Confrontos e sucateamento
Apesar dos números, 2017 não foi um ano positivo para o programa de UPPs do Rio. A crise financeira do Estado acentuou o sucateamento das bases, que foi denunciado por agentes e moradores. Em Santa Teresa, região central, fotos mostraram colchões mofados dentro das bases e tonéis enferrujados usados como barreira de proteção dos policiais.
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Na unidade Camarista/Méier, a barricada de proteção é feita com sacos de areia e o contêiner não tem blindagem. Já na base da Fazendinha, no Complexo do Alemão, os ventiladores da cabine foram comprados com dinheiro de vaquinha dos policiais.
Além da precariedade das instalações, o volume de conflitos em comunidades com UPPs já apresentava alto crescimento no primeiro trimestre do ano passado. Apenas nos três primeiros meses do ano, houve 623 registros, uma média de sete tiroteios por dia. Comparado ao mesmo período de 2016, o número era quase três vezes maior. Os dados foram levantados pelo ISP.