Uma pesquisa da Associação de Consumidores (Proteste) e da SBO (Sociedade Brasileira de Otologia) revelou que usuários do transporte público na cidade do Rio de Janeiro sofrem mais do que os de São Paulo no quesito barulho.
Enquanto em São Paulo a média de ruído ficou em 76,7 decibéis, no Rio o índice atingiu 80,4 decibéis. O levantamento mostrou que a linha 696 (Praia do Dendê X Méier) superou 85 decibéis — limite máximo para evitar riscos à saúde auditiva —, chegando a 86,3 decibéis.
De acordo com o presidente da SOB, Paulo Roberto Lazzarini, ruído acima de 55 decibéis já é capaz de provocar desconforto aos passageiros porque pode causar irritação, fadiga, queda na produtividade, estresse e até problemas cardíacos.
As linhas de metrô das duas metrópoles brasileiras também foram analisadas. Nesse modal, o Rio também é mais barulhento, segundo o estudo. A média no metrô carioca foi 80,5 decibéis, e, no metrô paulistano, de 77,2. Já os trens da SuperVia tiveram média de 79,3 decibéis, enquanto os da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) marcaram 72,9 decibéis.
Barcas, teleféricos e vans
O resultado mais prejudicial aos ouvidos humanos foi assinalado em uma barca que faz a linha Cocotá x Ilha do Governador. Segundo os órgãos responsáveis pela pesquisa, como a porta da sala de máquinas estava aberta, o som atingiu 93,4 decibéis, intensidade que já pode provocar danos auditivos. A média das barcas, entretanto, foi de 83,4 decibéis.
No teleférico do Alemão, zona norte do Rio, o som não passou de 68,1 decibéis. Já as vans que fazem transporte complementar foram menos barulhentas do que os ônibus: 77,2 decibéis.
Por meio de nota, o MetrôRio informou que o nível de ruído do metrô do Rio está dentro dos padrões normativos, de acordo com a análise da pesquisa. A concessionária também disse que adquiriu 34 novos trens desde 2012 e que a frota antiga está passando por revisão.
Em nota, os consórcios de ônibus Internorte, Intersul, Santa Cruz e Transcarioca informaram que "os modelos de ônibus utilizados hoje na cidade do Rio de Janeiro são fabricados dentro dos padrões de isolamento acústico e térmico determinados pelas autoridades". A Viação Ideal, que opera a linha 696 (Praia do Dendê-Méier) "coloca-se à disposição do Proteste e da SBO para receber informações sobre a metodologia da pesquisa e obter mais detalhes das medições".
A Supervia afirmou que "busca cada vez mais melhorar a qualidade do serviço oferecido aos seus milhares de passageiros". A concessionária informou que 170 trens são refrigerados e não necessitam de abertura de janelas. A Supervia também diz que a "já trocou 137 quilômetros de trilhos e substituiu 161 mil dormentes de madeira, melhorando as condições da via para o tráfego das composições". Segundo a concessionária, "todas estas medidas contribuem para a redução dos ruídos nos trens, que já estão mais de 5 pontos abaixo do limite recomendado para a saúde auditiva (85 decibéis)". Especificamente sobre o Teleférico do Alemão, a nota afirma que "a estação Bonsucesso trata-se de um ambiente aberto, que recebe interferência dos ruídos da rua".
Procurada, a CCR Barcas não se pronunciou sobre o resultado da pesquisa até as 17h30 desta terça-feira (1º).