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A Polícia Militar de SP matou seu Chico, um aposentado de 69 anos, pai de 3 filhos, com 9 netos e 10 bisnetos

Militares dizem que aposentado tentou partir para cima deles com um facão; família contesta

São Paulo|André Caramante, da TV Record

Seu Chico tinha 69 anos, era pai de três filhos. Aposentado
deixou nove netos e dez bisnetos. Ele foi morto pela PM com dois tiros no peito,
dia 14 deste mês
Seu Chico tinha 69 anos, era pai de três filhos. Aposentado deixou nove netos e dez bisnetos. Ele foi morto pela PM com dois tiros no peito, dia 14 deste mês Seu Chico tinha 69 anos, era pai de três filhos. Aposentado deixou nove netos e dez bisnetos. Ele foi morto pela PM com dois tiros no peito, dia 14 deste mês

Nascido em Salgueiro, sertão de Pernambuco, Francisco Pedro de Souza completou 69 anos de idade no último dia 9. Cinco dias após o seu aniversário, às 23h de 14/10, seu Chico foi morto por um policial militar com dois tiros no peito. O homicídio foi no quintal da casa de Bigode, como seu Chico era também era tratado pelos amigos, no bairro Água Vermelha, periferia de Poá (Grande São Paulo).

O responsável pelos dois tiros de pistola .40 disparados contra o peito do franzino seu Chico foi o sargento da Polícia Militar de SP André Luiz Machado de Souza, 46 anos, integrante da 2ª Companhia do 32º Batalhão.

O sargento Souza e outros policiais militares haviam ido à rua onde seu Chico vivia para tentar acabar com uma briga de casal. Era a segunda vez na noite do dia 14/10 que a PM era chamada para intervir na briga entre o marido e mulher, que eram vizinhos de seu Chico.

Na segunda intervenção policial daquela noite, quando os PMs chegaram ao bairro Água Vermelha, Gerson de Souza Freire, o marido envolvido na briga, estava dominado por seus familiares e, mais calmo, acabou solto pelos militares.

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Enquanto os PMs foram até o carro oficial para avisar aos outros policiais que se dirigiam para também atender a briga entre o casal, Freire entrou correndo em sua casa, no mesmo quintal onde morava seu Chico.

Os PMs disseram que se identificaram como policiais e, ao baterem na porta da residência de seu Chico, o idosos se recusou a sair. Ele também teria gritado: “Polícia por.. nenhuma! Vou abrir a porta e cortar no facão o primeiro filho da p... que estiver na minha frente” (SIC).

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Ainda segundo a versão dos PMs, quando abriu a porta, seu Chico teria um facão na mão direita e partiu para cima dos militares, dizendo que ia matá-los.

Sem dar mais detalhes sobre possíveis testemunhas da ação, os PMs narraram que se afastaram de seu Chico, mas que o sargento André Luiz escorregou no quintal da casa do idoso e caiu.

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Ainda pela versão dos PMs, agora investigada pela Polícia Civil, seu Chico teria corrido para cima do sargento, “com o facão na direção de sua cabeça”, e o militar atirou duas vezes contra o peito do idoso, que morreu na hora.

Aposentado, seu Chico era viúvo, pai de três filhos. Tinha nove netos e dez bisnetos.

Seu Chico morava sozinho, em Poá (Grande São Paulo)
Seu Chico morava sozinho, em Poá (Grande São Paulo) Seu Chico morava sozinho, em Poá (Grande São Paulo)

Especialistas em segurança pública ouvidos pela reportagem acreditam que os militares envolvidos na morte de seu Chico precisam ser investigados de maneira bastante rigorosa pela Polícia Civil, pois a versão de que o idoso partiu para cima deles parecer pouco verossímil.

De acordo com os especialistas, “qualquer policial em início de carreira”, o que não é o caso dos envolvidos na morte de seu Chico, “sabe que existem técnicas não letais para imobilizar” alguém que tenta agredir um agente de segurança.

Para os parentes de seu Chico, a versão apresentada pelos PMs para a sua morte é falsa. Segundo eles, de fato, o idoso guardava em casa um facão, mas ele era utilizado para serviços caseiros. “Jamais meu pai iria para cima de algum policial, ainda mais armado com um facão”, disse Genizete Freire de Souza Alves, filha de seu Chico.

"Classifico a morte de meu pai como uma injustiça. Acredito que haviam outros meios que poderiam ser utilizados por pessoas treinadas, os policiais militares, para nos defender. Eles não podem sair por aí tirando a vida de inocentes", continuou Genizete.

Outro lado

O sargento André Luiz foi procurado pela reportagem nesta terça-feira (20/10) e, segundo policiais militares que trabalham com ele no 32º Batalhão, o militar não está trabalhaando. O superior do policial também não foi encontrado para se manifestar.

A reportagem solicitou o posicionamento oficial do comandante-geral da PM, coronel Ricardo Gambaroni, e do secretário da Segurança Pública da gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), Alexandre de Moraes, sobre a morte de seu Chico pela PM, mas nenhum dos dois se manifestou até a publicação desta reportagem.

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