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Apontado como marqueteiro, Doria completa 1 mês de gestão e coleciona polêmicas

Prefeito tucano foi eleito no 1º turno com mais de 3 milhões de votos nas Eleições 2016

São Paulo|Giorgia Cavicchioli, do R7

Questão das pessoas em situação de rua foi levantada este mês
Questão das pessoas em situação de rua foi levantada este mês Questão das pessoas em situação de rua foi levantada este mês

O prefeito João Doria (PSDB) completa um mês de gestão à frente da cidade de São Paulo nesta quarta-feira (1º). Ao mesmo tempo em que agrada a boa parte do eleitorado que o escolheu para comandar a principal prefeitura do País, o tucano coleciona polêmicas sobre sua administração.

Doria foi eleito no primeiro turno com 53,29% dos votos válidos, o que significa que ele teve mais de 3 milhões de votos. A seguir, você relembra os cinco tópicos que mais chamaram a atenção durante os primeiros 31 dias de governo.

Pessoas em situação de rua

A questão dos moradores de surgiu depois de a gestão do prefeito decidir instalar telas supostamente para proteger um grupo de pessoas que vive embaixo de um viaduto na avenida Nove de Julho.

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Eles foram levados pela própria gestão tucana e vivem em situação degradante. O ato foi interpretado como uma tentativa de esconder o grupo da imprensa, quando o prefeito fazia uma das primeiras etapas do programa Cidade Linda.

Rodrigo Leite, do conselho diretor da Arcah (Associação de Resgate à Cidadania por Amor e Humanidade), diz que, com a crise econômica que o País tem vivido, o problema dos moradores de rua se potencializou e a vulnerabilidade social da população aumentou.

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A ONG (Organização Não Governamental) da qual Leite faz parte foi fundada pelo atual secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Filipe Sabará. Leite diz que a relação com a prefeitura é boa, assim como foi com outras gestões, para ajudar os moradores de rua.

— O problema é complexo e entendemos que a construção de uma solução eficaz depende de muito trabalho, especialmente no diagnóstico das ações em andamento e da atual política pública vigente na cidade.

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Para ele, ainda é cedo fazer uma avaliação da atual gestão Doria. Porém, diz ser fundamental que a sociedade civil ajude a fiscalizar os serviços oferecidos à população de rua e participar de audiências e reuniões públicas sobre o tema. Leite lembra que qualquer um pode se tornar voluntário e doar recursos para instituições que atuam na área.

A socióloga Esther Solano, por sua vez, afirma que já é possível fazer uma análise de que a polícia de Doria é higienista e que ela não é apenas típica dos governos do PSDB e que na gestão passada, do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), foi possível observar o mesmo direcionamento sobre as políticas em relação à população de rua.

— Parece que é uma concepção da cidade que é só feita para o privado, muito desigual, fechada, privada e uma cidade feita para aqueles que tem poder aquisitivo. Aqueles que são indesejáveis, terão problemas na gestão do Doria.

Segundo ela, o morador de rua é indesejado pelo “cidadão de bem” e que, por não ser estético, é deixado escondido.

A assessoria do prefeito João Doria explicou que a prefeitura tem um projeto audacioso para dar abrigo e capacitar profissionalmente os moradores de rua. Mas que, para isso, é preciso um pouco mais de tempo. Segundo a assessoria, a atual gestão herdou uma situação de abrigos caótica e que colocar as pessoas em situação de rua embaixo do viaduto foi uma medida emergencial para o problema.

Doria andou de cadeira de rodas durante ação da prefeitura
Doria andou de cadeira de rodas durante ação da prefeitura Doria andou de cadeira de rodas durante ação da prefeitura

Pessoas com deficiência

Doria também andou de cadeira de rodas durante uma ação do Mutirão Mário Covas, que pretende recuperar as calçadas da cidade. De acordo com o coordenador-geral do movimento Inclusão Já, Valdir Timóteo, a ação de Doria foi um “marketing apelativo”.

Para Timóteo, ainda não foi feito nada de efetivo em políticas públicas para que a população com deficiência tenha maior acesso à cidade.

— Ele sentou na cadeira e está sendo visto como super-herói pelas pessoas. Em primeiro lugar, ele deveria chamar os movimentos sociais da cidade para ele se inteirar do que é necessário ser feito.

Depois das reuniões, diz Timóteo, seria interessante levar o prefeito para terminais de ônibus, centros comerciais e periferias para planejar ações específicas. Para ele, o simples fato de se sentar em uma cadeira de rodas “não vai resolver nada”.

— Ele [Doria] tem que sentar e fazer uma grande reunião. As demandas têm que ser levadas diretamente para ele. Uma conversa inicial, para sair já para atitudes. Nas administrações anteriores, os prefeitos vieram privilegiando muito os centros comerciais e as periferias estão cada vez mais esquecidas. A gente é obrigado a andar no meio da rua porque não tem acessibilidade nas calçadas.

A justificativa do prefeito foi a de tentar simular problemas que os cadeirantes e pessoas com dificuldade de locomoção costumam enfrentar na capital. O vice-prefeito Bruno Covas também participou da ação e andou de cadeira de rodas.

Prefeito João Doria apagou um trecho na avenida 23 de Maio
Prefeito João Doria apagou um trecho na avenida 23 de Maio Prefeito João Doria apagou um trecho na avenida 23 de Maio

Grafite

O programa Cidade Linda, da prefeitura de São Paulo, está apagando pichações e grafites dos muros da cidade. Até o próprio prefeito colocou a mão na massa em um trecho na avenida 23 de Maio.

De acordo com o advogado ativista Guilherme Coelho, a ação da prefeitura foi uma “falta de respeito e de diálogo” ao apagar obras de arte sem diálogo. Para Coelho, algumas pinturas foram pagas até com investimento da própria prefeitura.

— Foi muito ruim essa atitude. Foi autoritário e um desrespeito com a cultura da cidade.

Coelho diz que atitudes como a de Doria incentivam ainda mais a pichação. A questão deve ser combatida sem prisão e sem declaração de guerra, defende.

O ativista acredita que seria mais interessante fazer uma conversa aberta com todos os interessados para que os jovens não se afastem do grafite.

— Você não vê essa atitude quando jogam santinho de político na rua, com bituca de cigarro...

Uma nota foi publicada no site da Prefeitura de São Paulo falando sobre uma das ações de Doria apagando grafites e pichações. Segundo a publicação, o principal objetivo da medida é “revitalizar áreas degradadas da cidade”.

Novos alunos da Emei Ceu Cidade Dutra não têm transporte
Novos alunos da Emei Ceu Cidade Dutra não têm transporte Novos alunos da Emei Ceu Cidade Dutra não têm transporte

Transporte escolar

No dia 20 de janeiro, motoristas de vans escolares e a sociedade civil fizeram um protesto em frente à Prefeitura de São Paulo contra o corte de 80% do transporte gratuito na rede municipal de ensino pela administração municipal.

Novos alunos da Emei (Escola Municipal de Ensino Infantil) Ceu Cidade Dutra, na zona sul de São Paulo, por exemplo, vão ficar sem transporte para ir ao colégio neste ano. A mãe de uma criança de quatro anos, que iria começar os estudos na escola, preferiu trancar a matrícula da menina.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que não haverá corte no Programa de TEG (Transporte Escolar Gratuito).

A pasta afirmou que “têm direito ao atendimento os alunos deficientes, os que residam a dois quilômetros da unidade e os que encontrem barreiras físicas para chegar à escola”.

João Doria acompanhou o monitoramento das marginais
João Doria acompanhou o monitoramento das marginais João Doria acompanhou o monitoramento das marginais

Velocidade nas marginais

Depois de longa polêmica envolvendo o aumento da velocidade das marginais Tietê e Pinheiros, a 13ª Câmara de Direito Público do TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo derrubou a liminar que impedia o aumento na véspera da mudança.

O argumento das pessoas e de especialistas contra o aumento de velocidade é que, depois de um ano de redução de velocidades nas marginais, as mortes caíram 57,14%. O dado é de levantamento feito pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

A decisão de derrubar a liminar foi tomada um dia antes de o prefeito João Doria lançar o programa Marginal Segura, que amplia as velocidades máximas nas vias de 70 km/h para 90 km/h.

O prefeito chegou a afirmar para jornalistas que “os cicloativistas pensam que a gente está brincando. A gente não está brincando de fazer prefeitura. O estudo [sobre os benefícios do aumento das velocidades] foi apresentado para a Promotoria”.

O contador Fernando Segato diz que é preciso analisar a correlação entre os dados e que o limite de velocidade de uma via não é variável predominante dentro de uma análise sobre mortes e lesões corporais graves. Segundo ele, é importante que seja feita uma educação no trânsito para que as pessoas respeitem as regras no trânsito.

Ele afirma que embriaguez ao volante, distração com celulares e conversas e que a presença ou não de pedestres são questões que precisam ser analisadas antes. Ele, que usa carro no seu dia a dia, diz que a análise feita pela maioria das pessoas sobre o assunto é rasa.

— As pessoas tendem a misturar muito. Estão juntando conclusões distintas para reforçar um ponto. Números podem falar tudo o que você quiser, principalmente dados estatísticos.

De acordo com Rafael Calabria, pesquisador em mobilidade do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), o ponto de quem argumenta contra as velocidades é o aumento do risco que as pessoas correm na marginal.

— As pessoas têm um maior risco e tende a piorar um pouco o trânsito.

Ele diz que a emissão de poluentes e o ruído na região é maior quando a velocidade aumenta. Além disso, diz que medidas internacionais e cidades desenvolvidas de todo o mundo reduziram suas velocidades.

Mais da metade dos moradores da cidade (54%) aprovam o aumento da velocidade, de acordo com pesquisa do Índice de Referência de Bem-Estar no Município, feito pela Rede Nossa São Paulo. Ao todo, mil moradores foram ouvidos entre os dias 8 de dezembro de 2016 e 4 de janeiro deste ano.

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