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Após acidente com carreta, menina com 'ossos de vidro' luta para viver

Luara Crystal, de 14 anos, já passou por 28 cirurgias e sofreu 130 fraturas desde que nasceu. Família criou vaquinha para obter ajuda

São Paulo|Do R7

Família criou vaquinha para ajudar Luara. Veja como colaborar
Família criou vaquinha para ajudar Luara. Veja como colaborar Família criou vaquinha para ajudar Luara. Veja como colaborar

Há um mês, Luara Crystal e sua mãe, Luana Ribeiro, sofreram um grave acidente. Paradas com o carro no sinal vermelho, foram atingidas por uma carreta em alta velocidade. A garota de 14 anos ficou internada no hospital por duas semanas. Para ela, porém, a colisão e os dias na UTI foram mais um capítulo de uma longa luta para sobreviver.

Desde o nascimento, Luara possui uma deficiência chamada osteogênese imperfeita, popularmente conhecida como “ossos de vidro”, que causa fragilidade nos ossos devido à falta de produção de colágeno no organismo. Somente durante o parto, sofreu 15 fraturas e passou trinta dias na UTI Neonatal, quando sofreu mais 20 fraturas, relata a mãe.

Ao longo da infância e início da adolescência, antes do acidente em agosto, a garota já havia passado por 28 cirurgias e sofreu aproximadamente 128 fraturas. As ocasiões foram bastante distintas: ao espirrar, tossir, tirar sapatos, no ônibus e com o carro passando por lombadas ou buracos. A osteogênese imperfeita faz com que ossos se quebrem com maior facilidade.

A rotina já não era simples por uma série de razões. Falta acessibilidade em todos os locais que visitam, até dentro de casa, uma vez que o espaço é alugado e não permite adaptações para Luara. No transporte público, como conta a Luana, é ainda pior: “ela já se fraturou algumas vezes por pegarmos ônibus e metros lotados, para fazer seus tratamentos. Muitas pessoas não respeitam.”

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A vida da mãe também foi inteiramente modificada diante das necessidades da pequena. Desde o nascimento, ela parou de trabalhar para cuidar integralmente da filha. “Empresa nenhuma aceitaria ou entenderia minha ausência em qualquer fratura que ela tivesse”, comenta.

Assim, ela passou a fazer pães de mel em casa e os vendia quando a menina estava em fisioterapias ou internações. A atividade se tornou sua principal fonte de renda, até o início da pandemia. “Dormia uma média de quatro horas por dia”, relata.

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Com o início da crise da covid-19 e pelo número de clientes que possuía, Luana parou de produzir os doces para não colocar a filha em risco de contaminação com o vírus. Desde então, se sustenta com um grupo de rifas, lançando duas por mês, e eventualmente com a ajuda de amigos.

Três semanas antes do acidente, Luara havia acabado de passar por uma cirurgia na perna e no braço esquerdo, então estava engessada quando o carro foi atingido pela carreta, que lhe causou um politraumatismo craniano e uma fratura na perna direita.

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Luara já fez trabalhos como modelo, além de cursos de teatro e inglês
Luara já fez trabalhos como modelo, além de cursos de teatro e inglês Luara já fez trabalhos como modelo, além de cursos de teatro e inglês

“O desespero tomou conta, e ela precisou ser levada para o hospital mais próximo e teve que passar por uma cirurgia de urgência no crânio logo após o acidente, para cessar a pequena hemorragia que tinha no cérebro”, conta Luana. Havia o risco de que ela ficasse com sequelas, que felizmente não se confirmou, comemora a mãe.

No entanto, a menina terá de passar por mais uma cirurgia, a 29ª em 14 anos de vida, desta vez na perna direita: “a quantidade de fraturas eu nem sei mais, já que ele teve várias por conta do acidente”.

Para além dos danos à saúde da filha, Luana ainda perdeu seu carro, que à família era de extrema importância: “um dos melhores e maiores presente que tive até hoje, pois era com ele, que eu transportava minha filha para todos os lugares, com mais conforto e segurança.”

No momento do acidente, o motorista da carreta se manteve no local, mas sem chegar perto das duas, relata Luana. Até o momento, a empresa responsável ainda não entrou em contato para oferecer qualquer forma de auxílio. Com a ajuda de uma advogada, ela entrará com uma ação buscando ser ressarcida pelos danos que sofreu com a filha.

“Confesso que na hora, minha única preocupação foi tirar minha filha de dentro do carro com vida. Já se passou um mês e até agora eles não entraram em contato comigo para saber se minha filha está viva. O motorista viu a situação da minha pequena, viu o quanto foi grave. Seria o certo eles arcarem, né?”, questiona.

A mãe também comenta sobre o desespero que ela e a filha sentem quando entram em qualquer carro desde o acidente. “Ficamos imaginando sempre que algum carro vai bater onde estamos. Os traumas e as sequelas emocionais são imensas. Mas estamos conseguindo dar um passo de cada vez. Não tem sido nada fácil”, lamenta.

Vaquinha por Luara. Saiba como ajudar

A pandemia já havia significado um impacto negativo na renda da família, que sofreu ainda mais com o acidente.

“Hoje estou me virando com ajuda de amigos, campanhas e doações. Andando de Uber para todos os exames e consultas que precisa ser feito e tendo um gasto enorme com essa locomoção”, diz Luana.

Por conta disso, uma vaquinha virtual foi criada para ajudar a garota com os tratamentos, alimentação e um novo carro para transportá-la em segurança. O valor inicial para a arrecadação de fundos é de R$ 50 mil, e o máximo, de R$ 250 mil.

Para colaborar com a luta de Luara, basta acessar este link: https://benfeitoria.com/sospraluaracrystal. A vaquinha virtual termina no dia 10 (sexta), mas as doações também podem ser feitas por Pix: luar.2005@hotmail.com.

Pai abandonou a família após saber de deficiência

Um contexto que por si só já seria árduo e demandaria muito esforço da família se tornou ainda mais penoso após o pai de Luara – e do filho mais velho de Luana – abandoná-los ao saber da deficiência da menina, após sete anos de casamento. “Quase não tenho contato. Desde que sofremos o acidente, ele ligou só no dia. Depois, nunca mais”, conta a mãe. 

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