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Ato da Consciência Negra reúne centenas de pessoas na Paulista

Marcha terminou por volta das 19h no Teatro Municipal

São Paulo|Gustavo Basso, do R7

Mesmo com chuva em São Paulo, a 14ª Marcha da Consciência Negra, na avenida Paulista, concentrou centenas de pessoas sob o vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo). Jovens e adultos, artistas, membros de partidos políticos, movimentos sociais e do ativismo negro, se reuniram sob o prédio do museu no início da tarde dessa segunda-feira (20), dia da Consciência Negra.

As críticas ao que os manifestantes chamam de "genocídio do povo negro" foram destaque dos discursos, como do cantor Seu Jorge. "Eu não suporto mais a ideia de que nosso País é racista. Amo o povo brasileiro, mas a partir de agora eu estou com minha gente. Não aguento mais ver notícia de negros mortos", disse.

Pintadas com "motivos do nosso povo ancestral", as cunhadas Fernanda e Cibele Benicio, de 25 anos, foram pela primeira vez ao ato e receberam a atenção de fotógrafos. "O mais importante de vir aqui hoje é interagir com gente igual a mim", disse a psicóloga Cibele. "Onde a gente mora [Itaquera], há bastante negros, mas o pessoal não se reúne, não se assume", afirmou.

Identidade e orgulho foram também citados pelo estudante de relações internacionais da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Hudson Moreira. "O principal fruto do movimento é a construção de um orgulho, da história negra. Prova disso é que cada vez mais pessoas se autodeclaram negras ou pardas para o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]. Barrar a invisibilidade é importante", comentou.

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Uma roda de samba animou os participantes depois que os carros de som foram retirados do local sob ameaça de multa de R$ 5.600. A roda logo cresceu de tamanho, aglutinando ativistas e curiosos, que abriram espaço à capoeira.

Polêmica com carro de som

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No início da marcha, houve uma polêmica sobre o uso do carro de som no protesto. Organizadores disseram que agentes da CET (Companhia de Engenharia de Trafego) impediram a permanência de carro de som diante do Masp.

"No começo de novembro, pedimos diálogo com todos os órgãos para coordenar a realização da marcha. A CET nunca esteve presente, e hoje diz que dará uma multa de quase R$ 6.000", afirmou Alfredo Oliveira Neto, presidente da CNAB (Confederação Nacional Afrobrasileira).

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Oliveira Neto disse, no entanto, que os organizadores vão pagar e recorrer da multa. "Em 14 anos da marcha, é a primeira vez que enfrentamos essa falta de diálogo, ainda que todo ano haja algum problema", disse.

Às 14h50, a organização posicionou um caminhão de som diante do Museu. Em nota, a Frente Alternativa Preta diz que "foram feitas diversas tentativas de contanto com a CET".

A reportagem conversou com uma gestora de trânsito da CET que não quis se identificar. Segundo ela, qualquer veículo estacionado na Paulista é multado.

“Mesmo aqueles [caminhões de som que pararam a via em manifestações em 2016] foram fiscalizados. Estes ainda chegaram após o fechamento da Paulista, o que ameaça a segurança dos pedestres, ciclistas e crianças”.

A gestora não comentou sobre a suposta recusa em participar de reunião com organizadores da marcha. Todos os domingos e feriados a Paulista é fechada para veículos das 9h às 18h. A marcha foi prejudicada pela chuva que cai nesta tarde na região central da capital.

O R7 entrou em contato com a CET que disse, por telefone, que o pedido para a manifestação tinha sido indeferido antes do ato e que a Paulista estava fechada para veículos nesta segunda-feira.

Os organizadores da marcha tentavam, por volta das 16h30, encaminhar os participantes para a avenida, sob garoa. De lá, a manifestação se deslocou para a rua da Consolação, onde outros carros de som estavam autorizados a acompanhar a marcha, e depois para o Teatro Municipal, onde o ato terminou por volta das 19h.

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