Em 2 de outubro de 1992, 111 presos foram mortos no Carandiru
Itamar Miranda/Estadão Conteúdo/1992Mais de duas décadas após a morte de 111 detentos durante invasão policial para reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 no Complexo Penitenciário do Carandiru, na zona norte de São Paulo, manifestantes vão às ruas para lembrar a data e pedir o fim de massacres. Organizado por coletivos como Rede 2 de Outubro, Movimento Passe Livre SP e Pastoral Carcerária, o grupo inicia o ato às 17h desta sexta-feira (2), no largo São Francisco, no centro de São Paulo.
O protesto, que já acontece há alguns anos, tem crescido e, hoje, além de lembrar o Massacre do Carandiru, discute a violência e a repressão do Estado na sociedade. Neste ano, de janeiro a julho, ocorreram 442 mortes decorrentes de intervenção policial em São Paulo e 49 homicídios cometidos por policiais em serviço e de folga, segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública).
De acordo com Francisco Barros Crozera, assessor jurídico da Pastoral Carcerária de São Paulo, o 2 de outubro é emblemático, mas é importante que outros temas sejam debatidos também.
— É uma data que não podemos esquecer. Tem que ser relembrada porque foi um fato muito triste na história brasileira, assim como outros massacres. Por isso é importante se manifestar nessa data, mas sempre renovando o ato com outras questões. Gerações mais novas talvez nem se lembrem do que ocorreu, e temos que mostrar e refletir sobre o assunto.
Leia mais notícias de São Paulo
Veja em fotos a história do Carandiru
23 anos após Massacre do Carandiru, “sociedade punitiva” trava avanço no sistema penitenciário
Ainda segundo Crozera, mesmo 23 anos depois das mortes no Carandiru, a situação carcerária no País continua complicada.
— Em relação ao sistema prisional, houve um aumento da repressão em 30 anos porque tem um aumento da população carcerária. Temos esse indicativo da repressão, dessa política punitiva onde muitas vezes a produtividade policial é medida pelo número de prisões.
Para o ato desta sexta-feira, são esperados integrantes de ao menos nove coletivos. Além disso, parentes de vítimas do Carandiru também foram convidadas e devem participar da manifestação.