Robson tinha saído com os amigos
DivulgaçãoNo dia 6 de novembro, Elza de Paula, mãe do cadeirante Robson Fernando Donato de Paula, de 16 anos, ficou sabendo pela imprensa que encontraram o corpo do filho dela. O jovem estava desaparecido desde quando saiu com amigos para ir a uma festa. Depois, as famílias dele e de César Augusto Gomes Silva, Jonathan Moreira Ferreira, Caique Henrique Machado Silva e Jonas Ferreira Januário foram informadas de que, na verdade, os jovens foram alvo de uma emboscada.
— Saiu na imprensa tanta coisa. Que meu filho tá sem cabeça e essas coisas. Nossa, meu. Só Deus tenha misericórdia. Eu sou mãe e eu vi que passou na reportagem.
A mãe também afirma que o filho não tem envolvimento com o caso da morte do guarda civil Rodrigo Lopes Sabino, de 30 anos, que trabalhava em Santo André, na Grande São Paulo.
— Está passando na TV agora que meu filho que está envolvido com essa morte dos policiais. Só que como que um cadeirante vai matar um policial? Eu não acho justo estar jogando tudo nas costas dele. Por que? Não tem lógica ele estar envolvido com isso.
Segundo ela, há dois anos ela cuidava do filho. A mãe afirma que não mora no bairro de onde os meninos saíram para a festa. Ela conta que Robson passava a semana inteira na casa dela e que, nos finais de semana, ela o levava para a casa da mãe dela, que fica na região, para que ele passasse um tempo com os amigos.
— Ali ele ia no funk ali perto, ficava ali perto com os meninos. Mas, não tem nem lógica um cadeirante matar policial. Entendeu? Agora, ficar jogando tudo isso nas costas do meu filho? Se o meu filho tem passagem? Tem, sim. E ele pagou caro por isso. Porque ele ficou paraplégico devido a estar fazendo coisa errada, entendeu?
A mãe conta que Robson tinha passagem por roubo e que os boatos de que ele e os amigos tinham envolvimento com morte de policiais é para “tirar o foco” das investigações. Quando questionada sobre os meninos terem sido mortos por policiais, ela diz: “Pra mim, isso daí não tem dúvidas”. Ela garante, porém, que o filho dela não estava recebendo ameaças antes de sua morte “nem de polícia, nem de bandido”.
Na última sexta-feira (11), o guarda civil Rodrigo Oliveira foi preso suspeito de participação na execução dos cinco jovens. Em depoimento, ele assumiu que criou o perfil falso de uma mulher para atrair os amigos para a emboscada. Guardas-civis de Santo André atribuíam a morte de Sabino a um dos meninos mortos na chacina: Caique.
De acordo com o integrante do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) Ariel de Castro Alves, o fato de quatro jovens mortos terem antecedentes “jamais pode servir de justificativa para serem assassinados, supostamente por um grupo de extermínio, com a participação de guardar municipais”.
Alves também diz que, se alguns deles estavam sendo acusados pelo roubo seguido de morte do guarda, eles “deveriam ser investigados e responsabilizados criminalmente, caso a culpa deles fosse comprovada, após investigação policial e processo judicial, jamais poderiam ser executados sumariamente”.