Iniciativa da Prefeitura gerou um caloroso debate na sociedade
Márcio Fernandes/13.09.2014/Estadão ConteúdoO projeto de ampliação das ciclofaixas em São Paulo, uma das principais marcas do governo Fernando Haddad (PT), vem gerando polêmica desde seu início, em 2013. De um lado, a valorização de um processo embrionário de mudança de cultura que visa inserir a bicicleta como um meio de transporte viável. Do outro, comerciantes e moradores irritados com a falta de controle sobre o que acontece na rua em frente ao seu comércio e sua casa.
Entre as principais críticas estão: a rapidez da implantação, a possível falta de planejamento das ciclofaixas, o valor investido, a qualidade da tinta utilizada, a falta de vagas para estacionar os carros e o possível aumento do trânsito com o estreitamento das vias.
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Um ponto que chama a atenção para a possível falta de planejamento da prefeitura é o que a CET chama de adequação das ciclofaixas. Um dos casos aconteceu na praça Vilaboim, no Higienópolis, região central de SP. Pouco tempo depois de ser pintada, a ciclofaixa foi apagada e refeita com outro trajeto. Todo o dinheiro investido em tachões (tartarugas amarelas) e na tinta foi desperdiçado. Além de pintar a nova faixa, a antiga teve que receber tinta, onerando ainda mais o processo.
A meta da Prefeitura de São Paulo é chegar até o final de 2016 em 400 km de ciclofaixa pela cidade. Até o momento foram entregues mais de 200 km. A estimativa é que o órgão desembolse R$ 80 milhões no projeto. Não se sabe se o valor das "adequações" está incluso nessa prospecção de investimento.
No fim do projeto, a prefeitura acredita que a cidade deixe de ter cerca de 40 mil vagas de estacionamento, incluindo zona azul.
Ciclofaixas incentivam o uso das bicicletas
Cicloativistas concordam que as ciclovias e ciclofaixas da cidade são uma forma de incentivar o uso da bicicleta, principalmente na parte da população que tem medo de se aventurar pelas ruas da cidade. Segundo os ativistas, as ciclofaixas aumentam a sensação de segurança.
De acordo com Hamilton Takeda, o início de grandes mudanças sempre é marcado por resistência e mudanças culturais que exigem tempo. Segundo o diretor, quando vê mais um personagem nas ruas tende a usá-lo como agente colaborador para a piora do trânsito de veículos.
— Não sou contra o uso do automóvel, mas ele deve ser usado com inteligência, como no dia em que for fazer a compra do mês ou levar alguém ao médico. Quem trabalha até 5 km do trabalho deveria aposentar o carro e aproveitar os benefícios que pedalar promove, como a melhora da saúde e do condicionamento físico.