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Com medo, comerciantes criam seu próprio toque de recolher

Ruas desertas alimentam tensão dos paulistanos durante a noite

São Paulo|Ana Cláudia Barros, do R7

Açougue na zona norte fecha mais cedo após toque de recolher
Açougue na zona norte fecha mais cedo após toque de recolher Açougue na zona norte fecha mais cedo após toque de recolher (JOSÉ PATRÍCIO/ESTADÃO CONTEÚDO)

O temor causado pela onda de violência tem provocado situações inusitadas, como a que viveu o jornalista G., 27 anos, no mês passado. Ele pretendia usar o cupom de uma promoção que daria a ele um jantar grátis em um restaurante do Paraíso, na zona sul da capital.

No começo de novembro, G. foi ao estabelecimento por volta das 23h30 e percebeu que havia uma corrente na porta, embora o site do local indicasse que a cozinha funcionava até meia-noite. O jornalista, então, retornou em outra data do mesmo mês. Desta vez, chegou mais cedo, às 22h40, mas se deparou com funcionários quase fechando o restaurante. Decidiu, então, chamar o garçom.

— Ele me relatou que estavam fechando mais cedo, no máximo, às 23h, por causa da onda de violência... O garçom disse que os outros restaurantes da rua também estavam fechando mais cedo. Falou que eles estavam fazendo isso nos últimos dias, pelo medo de serem saqueados ou de que os clientes fossem roubados na porta. Era mais uma medida preventiva. O curioso é que eles mesmos criaram esse toque de recolher.

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Para o jornalista, episódios como este fomentam uma espécie de “ciclo vicioso”.

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— Os bares fecham porque têm medo, e a sensação de medo aumenta quando vemos bares fechados. Não mudei minha rotina, mas percebi o impacto dessa sensação de medo no comércio.

Ruas desertas

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A comerciante J., que já recebeu o recado de toque de recolher, conta que voltou a fechar seu estabelecimento comercial às 23h. No entanto, segundo ela, a freguesia diminuiu.

— Antes dessa bagunça, o movimento era melhor. Agora, chega 21h e não tem mais ninguém na rua.

Apesar da presença frequente da polícia, de acordo com ela, alguns comerciantes continuam baixando as portas mais cedo do que o habitual.

— Meu vizinho, agora, deixa o bar aberto só até às 21h.

Procurada pelo R7, a Polícia Militar “esclarece que, em virtude dos últimos acontecimentos relacionados à segurança pública, pessoas mal-intencionadas criam boatos para desestabilizar e amedrontar a sociedade”.

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