Silva ao lado de um foto do dia 13/6 onde PMs agridem duas pessas
Juca Guimarães/R7A defesa do fotógrafo Sérgio Silva, atingido por uma bala de borracha disparada pela Polícia Militar, no dia 13 de junho de 2013, durante um protesto popular, na região da avenida Paulista, contra o reajuste das tarifas dos transportes públicos, argumenta que o juiz Olavo Zampol Júnior, da 10ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, deixou de levar em conta provas importantes para o caso, quando negou o pedido de indenização do profissional. "Não foram ouvidas testemunhas, eu não pude me manifestar e a perícia judicial foi inconclusiva", disse o fotógrafo.
Silva estava trabalhando e a bala explodiu o seu globo ocular esquerdo. Para o advogado Maurício Vasques, a sentença foi injusta. "É uma situação clara de que o poder judiciário está com a mesma insensibilidade do Estado e do comando da Polícia Militar que, na época, autorizou um ataque violento e desproporcional para conter os manifestantes. Na verdade um capricho, pois o governo não queria que o ato chegasse até a avenida Paulista", disse o advogado.
Vasques também destacou que o juiz optou pela antecipação da decisão do mérito da ação sem considerar a responsabilidade da Polícia Militar. "O Sérgio tem 1,79m de altura. A bala atingiu o rosto, isto, por si só, indica que a polícia estava atirando na cabeça das pessoas. Naquela noite foram mais de 200 feridos. Achar que a culpa é do fotógrafo é uma afronta à inteligência e um desrespeito ao jornalismo", disse o advogado.
Na decisão, o juiz afirma que o fotógrafo é o único responsável pelo ocorrido e que ele se colocou em risco ao ficar na linha de tiro. A decisão causou polêmica e revolta entre os profissionais de imprensa.
O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo convocou uma coletiva, nesta sexta-feira (19) para declarar repúdio à decisão de Zampol e apoio à Silva. "Este entendimento é uma grande violência contra todos os jornalistas e à liberdade de imprensa. Os casos graves de agressão contra jornalistas estão crescendo. Só no ano passado foram 137 registros, sendo 20% deles no Estado de São Paulo. E a PM é a principal fonte de violência contra jornalistas", disse Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo.
"Dá para perceber que existe uma tendência de criminalização dos movimentos sociais e repressão da imprensa por parte do Estado. Falta dinheiro para a Saúde e Educação e sobra para o armamento da polícia", disse Silva.
A defesa de Sérgio afirmou que vai recorrer da decisão para que o caso tenha um julgamento no Tribunal de Justiça. O R7 solicitou uma entrevista com o juiz Zampol para comentar as contestações do Sindicato dos Jornalistas e da defesa, no entanto, a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo informou que, por conta da Lei Orgânica da Magistratura (Loman), o juiz é proibido de comentar processos pendentes de decisão.
Decisão judicial contra fotógrafo baleado pela PM é "agressão contra o jornalismo", diz associação