Dois policiais civis são presos em operação do Gaeco em São Paulo
Divulgação/ DeicPromotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) fazem uma operação no Deic (Departamento Estadual de Investições Criminais) contra policiais envolvidos em ações criminosas. Dois agentes foram presos na manhã desta sexta-feira (18) por sequestro e extorsão de um líder de facção.
A ação tem o apoio da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo e do 4º Batalhão de Choque da Polícia Militar (GATE/BOPE). Entre os investigados estão quatro policiais civis e dois advogados.
A Operação Quebec Sierra Juliet cumpre dois mandados de prisão e dez mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 2ª Vara Especializada em Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores.
Durante as investigações, um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital), conhecido como Armani, preso em 18 de novembro de 2020 na operação Fast Track, foi supostamente sequestrado por policiais civis integrantes do Deic em 24 de julho.
O suspeito teria deixado a residência por volta das 11h, quando passou a ser seguido por policiais, que faziam uso de um veículo furtado no estado do Rio de Janeiro e desviado para São Paulo.
Quando o homem parou em um posto de gasolina, foi sequestrado pelos agentes, que o algemaram e o colocaram no banco de passageiros do próprio veículo. Os quatro sequestradores se dividiram entre dois automóveis.
Segundo a polícia, primeiro os agentes teriam exigido R$ 300 mil pela libertação do suspeito. Eles alegaram que tinham conhecimento de que a vítima ocupava função de comando na facção criminosa e que sabia que ele havia recebido R$ 1,5 milhão para financiamento da célula federal. Com a negativa inicial de pagamento, a vítima foi conduzida até a residência.
Segundo as investigações do Ministério Público, os policiais ingressaram no imóvel sem mandado judicial, localizaram a quantia de R$ 15 mil, que foi levada pelos investigadores. Em seguida, a vítima foi levada até a sede do Deic, onde os sequestradores teriam feito nova exigência de pagamento como condição para libertação do homem.
A sede do departamento teria sido usada como uma espécie de cativeiro.
Além de mantê-lo preso, os policiais disseram ter recebido denúncias anônimas que prejudicariam a organização criminosa. Duas advogadas da facção foram incumbidas de negociar com os agentes os valores de resgate e de propina, para que o suspeito fosse libertado e para que os policiais não registrassem os fatos supostamente relatados por denúncia.
A advogada teria providenciado o pagamento imediato de R$ 30 mil, prometendo mais R$ 30 mil em um mês.
Os policiais teriam praticado crimes de extorsão mediante sequestro, associação criminosa, abuso de autoridade por violação de domicílio, inserção de dados falsos em sistema de informações da administração pública e receptação.
*Com colaboração de Thaís Furlan, da Record TV