Em meio à maior crise hídrica da história de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou na quinta-feira (18) multa para quem aumentar o consumo de água na capital paulista e em 30 cidades da região metropolitana, a partir de janeiro. Comerciantes e moradores de bairros nobres da capital reclamaram da medida.
Para a química Lilian Duarte, de 54 anos, moradora de uma casa em Perdizes, na zona oeste da cidade, a medida é "inconstitucional".
— O governador vai ter de brigar com o povo. Eles não fizeram nada para prevenir a crise e agora querem cobrar desse jeito?
Leia mais notícias de São Paulo
Ela diz que adotou medidas para diminuir o consumo, como o reaproveitamento da água da máquina de lavar roupa.
— Consegui ter bastante desconto. Mas agora, com a multa, vou ser penalizada se em um mês não economizar tanto?
Já comerciantes da região dos Jardins, na zona sul, preveem prejuízos com a medida. Subgerente de uma pizzaria, Marcos Baptista Barbetti, de 47 anos, ficou surpreso com o anúncio do governo. Ele diz que é nesta época de fim de ano que o local tem o maior movimento.
— Com mais clientes, não tem jeito, o consumo de água aumenta.
Mãos atadas
Para Barbetti, a medida do governo é uma "covardia" que deixará os comerciantes "de mãos atadas".
— A gente está fazendo tudo o que é possível, economizando como dá, mas o impossível não dá para fazer.
Dono de uma lavanderia nos Jardins, José Abussamra diz que deve ter um aumento de consumo de água exatamente por causa da crise do Cantareira.
— Sem poder lavar roupa em casa, as pessoas trazem para a lavanderia.
Embora o local faça lavagens a seco, o item mais lavado são as camisas sociais, que são limpas com água.
Abussamra afirma que vai passar a calcular se valerá a pena pagar a multa ou diminuir a capacidade de atendimento.
— Não posso negar clientes. Talvez seja melhor pagar a multa. Vai afetar todo mundo.
Para o empresário Bruno Loiola, dono de um bar perto da estação da Sabesp nos Jardins, essa é a pior crise de água já enfrentada pelo seu estabelecimento.
— Em bar não tem como fazer mais redução de água. A gente reduz como dá, mas, se aumentar o movimento em um mês, crescerá o consumo, levaremos multa e a situação vai ficar ainda pior.