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Engenheiro indicado por Adilson Amadeu (PTB) para a CPI dos Alvarás nunca assinou documento de investigação

Nos quase 7.000 documentos da CPI, nome de Roberto Torres só aparece em sua indicação, comissionamento salarial e em convocação para acompanhar sessões às quintas e sextas-feiras 

São Paulo|Do R7


Roberto Torres, apadrinhado do vereador Adilson Amadeu (PTB) e suspeito de corrupção, quase não aparece nos quase 7.000 documentos da CPI dos Alvarás
Roberto Torres, apadrinhado do vereador Adilson Amadeu (PTB) e suspeito de corrupção, quase não aparece nos quase 7.000 documentos da CPI dos Alvarás Roberto Torres, apadrinhado do vereador Adilson Amadeu (PTB) e suspeito de corrupção, quase não aparece nos quase 7.000 documentos da CPI dos Alvarás

Nomeado para compor a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Alvarás pelo vereador Adilson Amadeu (PTB), o engenheiro Roberto de Faria Torres, investigado sob suspeita de enriquecimento ilícito e também por usar uma sala dentro da Câmara Municipal de São Paulo para tentar extorquir dinheiro de um empresário, nunca assinou um documento sobre suas ações na comissão.

A ausência da formalização dos trabalhos desenvolvidos por Torres, por meio de relatórios ou outros documentos oficiais, “reforça os interesses escusos”, segundo vereadores ouvidos pela reportagem, para a participação do apadrinhado de Adilson Amadeu dentro da CPI.

As únicas referências ao engenheiro Torres nas quase 7.000 páginas de documentos que compõe a CPI dos Alvarás são em relação aos procedimentos para sua nomeação, para seu comissionamento pelos serviços prestados à comissão, para que ele tivesse plenos poderes de investigação e também para que ele comparecesse às sessões das quintas e sextas-feiras. No mais, o engenheiro Torres não existiu para a CPI.

Torres e Antonio Pedace, assessor parlamentar do vereador Eduardo Tuma (PSDB), presidente da CPI dos Alvarás, são conhecidos dentro da Câmara Municipal de São Paulo como “tropa de choque”. Os dois foram flagrados em uma gravação na qual aparecem tentando extorquir R$ 15 mil de um comerciante para que ele conseguisse regularizar seu imóvel e não caísse no pente-fino da CPI dos Alvarás.

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Na gravação, Torres e Pedace induzem o empresário a acreditar que, caso não concordasse com o pagamento da propina, o seu imóvel iria para a lista negra da CPI dos Alvarás. Para regularizar o imóvel, o comerciante devia contratar um escritório de arquitetura indicado pela dupla.

Após a descoberta do esquema de extorsão de dinheiro, Pedade foi exonerado do gabinete do vereador Tuma. Torres foi devolvido para a Secretaria de Licenciamento, seu departamento de origem na Prefeitura de São Paulo.

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Um terceiro suspeito de envolvimento no esquema, o engenheiro civil Marcos Peçanha, também aparece no vídeo ao baixar o valor da propina para R$ 13 mil e afirmar que a extorsão do dinheiro serviria para “presentear” o presidente da CPI dos Alvarás, vereador Eduardo Tuma. O engenheiro Peçanha é suspeito de usar um escritório do apadrinhado de Adilson Amadeu, o engenheiro Torres, para concluir as negociações das propinas.

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Quando tentou justificar o apadrinhamento do engenheiro investigado por suspeita de corrupção e de enriquecimento ilícito, o vereador Adilson Amadeu, vice-presidente da CPI dos Alvarás, declarou, em nota oficial: “Fui procurado pelo engenheiro de carreira do município [de São Paulo] Sr. Roberto Torres que, conhecendo o escopo da investigação, se colocou à disposição da CPI [dos Alvarás]”.

“O mesmo [Roberto Torres] informou possuir conhecimento sobre a matéria a ser investigada e vontade de participar e contribuir com os trabalhos”, continuou, em nota oficial, o vereador Adilson Amadeu.

Quando pediu para levar Torres para trabalhar na CPI, Amadeu abriu mão de contar com a expertise de vários técnicos da Prefeitura de São Paulo que lidam com alvarás há anos. Ainda sobre a tentativa de justificar sua escolha por Roberto Torres, o vereador afirmou: “Vale destacar que é praxe nas Comissões Parlamentares de Inquérito a requisição de servidores do Poder Executivo para acompanhar e auxiliar em trabalhos desenvolvidos em CPI, uma vez que inexistem na Edilidade, profissionais com o perfil e disponibilidade para este fim”

Antes de fazer parte da CPI, em abril deste ano, o engenheiro Torres já era investigado pela Controladoria-Geral da Prefeitura de São Paulo sob a suspeita de enriquecimento ilícito. Ao lado de outros 59 servidores municipais, Torres está na mira da malha-fina municipal por manter um padrão de vida muito acima do que seu salário de R$ 4.000 mensais poderia bancar.

Procurado pela reportagem desde o fim de outubro, o vereador Adilson Amadeu se recusa a conceder entrevista sobre as suas ações e as dos engenheiro Torres na CPI dos Alvarás. Na terça-feira (11), o político afirmou em sua conta no Twitter que existe uma "campanha deliberada contra ele".

Patrimônio sob suspeita

O vereador Adilson Amadeu (PTB) e seu apadrinhado na CPI dos Alvarás, o engenheiro Roberto de Faria Torres (dest.)
O vereador Adilson Amadeu (PTB) e seu apadrinhado na CPI dos Alvarás, o engenheiro Roberto de Faria Torres (dest.) O vereador Adilson Amadeu (PTB) e seu apadrinhado na CPI dos Alvarás, o engenheiro Roberto de Faria Torres (dest.)

Funcionário da Secretaria de Licenciamento, onde era lotado como assessor técnico e tinha como atribuições fiscalizar postos de gasolina e casas noturnas, Torres já era alvo de uma apuração na Controladoria-Geral por ter acumulado 19 imóveis, alguns deles de alto padrão, e carros de luxo.

Uma das casas de Torres já rastreadas pela Controladoria-Geral fica em Aguaí, a 193 km de São Paulo. O imóvel tem 23 cômodos, sete suítes, 11 banheiros, piscina e garagem para 12 carros.

Carros que também são um dos hobbys de Torres, que gosta de exibir em redes sociais suas viagens pelo mundo. Torres tem nove modelos de carros antigos. Somente um deles, um Camaro branco conversível, 1967, vale R$ 350 mil. Com seu salário de R$ 4.000, Torres precisaria trabalhar sete anos e dois meses na Prefeitura de São Paulo, sem gastar um centavo, para conseguir comprar o Camaro conversível.

Assista à reportagem do Jornal da Record sobre o patrimônio do engenheiro Torres:

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