Após ocupar o terreno de 155 mil m² em Itaquera, zona leste, no dia 3 de maio, os integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) deixaram o local neste domingo (31). A ocupação "Copa do Povo". Neste mês, um termo de compromisso entre o Movimento, o Governo Federal e a construtura Viver, dona do espaço, ficou acordada a desmontagem do acampamento e a retirada das famílias que passaram a residir no local
Guilherme Lima/R7
A Caixa Econômica Federal, o governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo se comprometeram a cadastrar os ocupantes e construir prédios de moradia para eles. A previsão do movimento é que as primeiras das 3.500 unidades fiquem prontas em 2016
Daia Oliver/R7
Em um discurso ao microfone durante o ato que marcou o fim da ocupação, o coordenador do MTST, o filósofo Guilherme Boulos, de 32 anos, lembrou que nas primeiras semanas circularam boatos de que a saída das 4.000 famílias seria violenta, com ação da Tropa de Choque, da Polícia Militar
RAFAEL ARBEX/ESTADÃO CONTEÚDO
— Quem diria que a gente poderia, em tão pouco tempo, estar comemorando uma vitória tão grande?
De acordo com ele, a retirada do espaço, um terreno desnivelado e cheio de pinheiros em frente ao planetário do Parque do Carmo, é "uma etapa da luta". — Nós não estamos saindo deste terreno para dar um adeus para ele. Estamos saindo para dar um até logo, porque vamos voltar para ele, e não vai ser em barraco de lona, não, mas em moradia definitiva e digna para cada um
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Na ocupação Copa do Povo, criada para chamar a atenção para o problema da moradia popular aproveitando-se dos holofotes trazidos a Itaquera pela Copa do Mundo de futebol, habitavam, conforme o MTST, principalmente pessoas que tinham para onde voltar. Famílias que, geralmente, vivem de aluguel ou em condições precárias, como áreas de risco, afirma Boulos
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Mesmo sem ter um destino certo, ambos deixaram a ocupação neste domingo. A saída de todos é uma estratégia cara ao MTST, que tem outras ocupações em São Paulo, como a Faixa de Gaza, na zona sul, prevista para ser desocupada em setembro, após firmar um termo parecido com a entidade dona do terreno e o governo, segundo Boulos. — A nossa perspectiva, e daí a importância também de o movimento não estimular que as pessoas morem na ocupação e favelizem, não é de fazer favela. Nossa perspectiva é fazer a ocupação como uma forma de pressão sobre o poder público e os especuladores, para que ali, nesses terrenos ociosos, se construa moradia popular
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Para celebrar o fim da ocupação e a conquista, o MTST organizou uma marcha entre o terreno e o entorno da Estação Corinthians-Itaquera do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), a cerca de 4 km, onde houve dispersão
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A construtora Viver tem até o dia 3 de novembro para transformar a promessa de apoio no repasse público necessário efetuar o pagamento, que deverá ser à vista. Confirmada a compra e aprovado o projeto no Ministério das Cidades, por meio do programa federal Minha Casa Minha Vida Entidades, o movimento poderá comandar o futuro empreendimento e escolher as famílias que serão contempladas