-
Na última sexta-feira (5), uma decisão da 2ª Câmara
Extraordinária de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo deixou
jornalistas indignados. O relator Vicente de Abreu Amadei alterou
uma sentença anterior que condenava o Estado paulista a indenizar o repórter
fotográfico Alex Silveira. O profissional foi atingido por uma bala de
borracha enquanto cobria uma manifestação de professores grevistas na avenida
Paulista em 2003
Reprodução/Facebook
-
Após o tiro, o fotógrafo perdeu 80% da visão do olho
esquerdo, o que o impossibilitou de continuar exercendo a função. Segundo o
magistrado, Alex Silveira assumiu o risco de se ferir ao permanecer no local do
confronto. Em apoio ao jornalista, o repórter fotográfico Rubens Cavallari fez a série de fotos Os Piratas.
— É um absurdo. Agora somos culpados pelas merdas dos outros.
Nós mostramos o que está acontecendo
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook
-
A série de fotos é inspirada no trabalho do fotógrafo Sérgio Silva, que também perdeu a visão após levar um tiro de borracha durante a cobertura de um protesto em 2013. Silva fez 60 retratos de amigos, militantes e políticos com um tapa-olho e criou a mostra Piratas Urbanos, lançada em junho de 2014
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook
-
Na quarta-feira (10), Rubens Cavallari mobilizou vários fotógrafos e jornalistas para posarem com um tapa-olho.
— Eu estava pautado para o jogo do Palmeiras e Criciúma. Passei
na rua 25 de Março, comprei o tapa-olho e fui falando com os colegas. Depois,
fui falando com o pessoal que eu encontrava
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook
-
Rubens Cavallari é amigo de Alex Silveira. Quando o fotógrafo
foi baleado em 2003, os dois trabalhavam juntos no jornal Folha de S.Paulo
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook
-
— Foi uma loucura. Quando a gente soube do que aconteceu, ficamos malucos. Eu corri para o HC (Hospital das Clínicas), tentei falar com ele, mas ele estava isolado. Só consegui ver por um vidro
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook
-
Rubens
conta que o amigo conseguiu voltar a atuar, mas agora com tratamento de imagem
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook
-
— Ele
está fazendo alguns trabalhos, dentro da limitação dele. Mas tem feito coisas legais
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook
-
Com 49 anos, sendo 30 de profissão, Rubens Cavallari já cobriu
diversas manifestações, que terminaram em confronto com a Polícia Militar.
— São tantas que nem consigo enumerar todas
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook
-
— As manifestações de 2013, com black blocs, todo mundo que
trabalha na rua cobriu
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook
-
Rubens Cavallari já participou de alguns protestos que
terminaram de forma violenta.
— A mais memorável foi em 1997. A polícia entrou em
confronto com um pessoal que invadiu uns prédios da CDHU (Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e Urbano de São Paulo). Eu vi três invasores
morrerem na minha frente. Eu vi os caras morrendo. Poderia ter sido eu
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook
-
Segundo ele, confronto com balas de borracha e gás lacrimogênio fazem parte do dia a dia do fotojornalista
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook
-
—Infelizmente, fica corriqueiro. Mas nós não podemos nos acostumar com isso
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook
-
Nas manifestações de 2013, a jornalista da Folha de S.Paulo Giuliana Vallone também foi atingida por um tiro de borracha disparado por um policial militar
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook
-
Segundo Rubens, o episódio deu um outro direcionamento aos profissionais que trabalham na cobertura de protestos.
— O pessoal começou a ir para a rua mais preparado materialmente e psicologicamente
Rubens Cavallari/Reprodução/Facebook