Policiais em local de ataque ocorrido em 17 de abril de 2013
Reprodução/TV RecordOs acusados de integrar um grupo de extermínio em Osasco, Grande São Paulo, usavam munições da Polícia Militar e do Exército Brasileiro para assassinar suas vítimas, apontam laudos do Instituto de Criminalística.
Um dos casos em que munições do Estado foram usadas pelo bando, segundo as investigações, foi o ataque ocorrido em 29 de janeiro de 2013.
Nesta quinta-feira (7), o R7 revelou que a Justiça aceitou denúncia contra quatro suspeitos de integrar o grupo de extermínio que estariam envolvidos nesse ataque.
Foram denunciados o sodado da Rota Fabrício Emmanuel Eleutério, os vigias Paulo Roberto da Silva e Marcio Silvestre Ferreira, e Adriel Teixeira Souza. Todos tiveram a prisão preventiva decretada — Souza está foragido; os outros três estão detidos.
O grupo é suspeito de ao menos outros sete ataques na região, ocorridas entre 2012 e 2015. O soldado Eleutério é ainda suspeito de participar dos ataques que deixaram 25 mortos em agosto de 2015.
No crime de 29 de janeiro de 2013, pelo qual o quarteto passou a responder, foram mortos Evanderson de Jesus Amorim, 20 anos, e Valdir Souza Amorim, 43 anos. Na ocasião, também ficaram feridos Ronaldo Barreto da Silva e Luciano do Carmo Souza.
A matança ocorreu por volta das 20h30 num boteco da Rua Maria de Lourdes Galvão de França, Jardim Padroeira. O local é conhecido como Bar do Amigo.
Exames de peritos indicaram que cartuchos de munição 9 milímetros encontrados após o crime pertenciam aos lotes BAY18 e ALQ42.
Após a identificação do lote, a Polícia Civil questionou à CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), fabricante das munições, quem seriam os compradores das balas.
O lote BAY18 foi destinado ao Centro de Suprimento e Manutenção de Armamento e Munição da Polícia Militar do Estado de São Paulo. A compra teria sido realizada no segundo semestre de 2007.
Já o lote ALQ42, segundo informações da fabricante, foi destinado ao Quartel General do Exército Brasileiro em Brasília.
A Polícia Civil apura se as munições foram desviadas pelos integrantes do grupo de extermínio.
Além de o bando, segundo as investigações, ser composto por policiais militares (um deles — o soldado Eleutério — diretamente envolvido no ataque de 29 de janeiro de 2013), alguns integrantes do grupo conheciam pessoas do Exército, com quem frequentavam um clube de tiro em Baueri.
Baleado ao cobrar dívida de R$ 15
De acordo com as investigações, o alvo dos matadores no ataque de 29 de janeiro de 2015 seria o sobrevivente: Ronaldo Barreto da Silva.
A Polícia Civil acredita que os acusados pensavam que a vítima Silva fosse traficante. Ele, de fato, possuía uma passagem, mas não por tráfico: havia ficado preso por três meses, no início da década passada, por porte ilegal de armas.
Em depoimento, a vítima Silva afirmou que não tinha costuma de frequentar botecos, mas, naquela noite, viu que um conhecido que lhe devia R$ 15 por causa de uma partida de baralho estava no Bar do Amigo.
Ele entrou para cobrar a dívida. Os matadores apareceram em seguida.
Na época em que foi baleada, a vítima Silva trabalhava com carteira assinada: era operador de prensa em uma fábrica de Santana do Parnaíba, Grande São Paulo.
Outro crime com balas do Estado
Os exames do Instituto de Criminalística indicam ainda que balas do lote ALQ42, destinado pela CBC ao Exército Brasileiro, foram também usadas em um ataque ocorrido quatro meses depois do caso do Bar do Amigo.
Por volta das 23h de 17 de abril de 2013, na Rua Padroeira, mesmo bairro do crime anterior, em frente ao Bar da Nação Corinthiana, foi morto Diego Denilson Câmara de Lira, 18 anos. Na ocasião também ficaram feridos Noilson do Rosário Costa, Bruno Aparecido Garcia da Conceição e Valdir Alves.
Os atiradores estavam em um Vectra prata — também visto por testemunhas de dois ataques ocorridos pouco antes em Carapicuíba, onde morreram Bruno Carvalho Santos, 20 anos, David Cesar Cabo, 34 anos, e Valdeni Messias da Rocha Júnior, 19 anos.
De acordo com as investigações, o crime de Osasco teria sido por acusados de integrar o grupo de extermínio. Em abril passado, a Justiça aceitou denúncia contra o soldado Eleutério e o vigia Silva. Todos os acusados negam participação nos crimes.
Leia mais notícias de São Paulo
Experimente: todos os programas da Record na íntegra no R7 Play