Jonathan Araujo Sousa foi absolvido pela Justiça neste quarta (8)
Eduardo Enomoto/24.8.2017/R7Jonathan de Araujo Sousa, de 18 anos, foi absolvido pela Justiça nesta quarta-feira (8) depois de ser acusado de roubar uma motocicleta no bairro de Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo. O jovem, baleado nas costas por um policial militar na tarde de 9 de julho deste ano, perdeu o rim esquerdo e parte do intestino.”Estou Imensamente feliz e aliviada. É a sensação de Justiça feita”, afirma Maria Irene de Araujo Oliveira Sousa, 42 anos, mãe do rapaz.
O vendedor, depois de permanecer oito dias internado no Hospital-feral de Pedreira, permaneceu 37 dias encarcerado, boa parte deles no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Guarulhos. Ele ganhou o direito de responder em liberdade no dia 23 de agosto deste ano.
Depois mais de dois meses do incidente, ele andava com dificuldade na casa de dois cômodos em Cidade Júlia, também na zona sul. Ele ainda tem uma cicatriz dos 36 pontos no abdômen.
Ele conta que durante o período em que esteve preso, foi amparado pelos outros detentos.
O caso
O boletim de ocorrência afirma que Jonathan “sacou uma arma de fogo do tipo revólver e apontou na direção da polícia”. O documento informa ainda que a vítima do roubo reconheceu, “sem sombra de dúvidas”, o jovem como autor do crime.
A versão que o rapaz conta à família, porém apresenta outros fatores.
“O meu filho é inocente”, conta Maria Irene de Araujo Oliveira Sousa, 42 anos. Ela afirma que o jovem “seguia na moto para ir para casa e viu uma outra moto passar por ele. Ele continuou andando, porque ele conta que ninguém o mandou parar. Depois disso ele sentiu uma forte dor nas costas, passou a mão e viu o sangue. Só aí ele se deu conta de que foi alvejado.
O vendedor voltou até a casa de amigos e foi socorrido. A mãe explica que a caminho do hospital eles foram barrados pela Polícia Militar. “Os PMs tentaram tirar o Jonathan de dentro do carro, mas os amigos não deixaram”. Ela fala ainda sobre o que aconteceu ao filho dentro do hospital. “A polícia tomou os documentos dele, quando ele foi colocado na maca um policial tirou uma foto dele.”
Relatório do Condepe (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana) na tarde desta terça-feira (22) aponta conflitos no boletim de ocorrência e na narrativa dos policiais que estavam na abordagem e conclui que “com base na diligência e oitiva realizada com o referido acusado, além da análise do Boletim de Ocorrência, entendemos que existem indícios de que Jonathan de Araujo Sousa é inocente. Além disso, existem também indícios de que o referido acusado pode ter sido vítima de abusos, ilegalidades e até de crimes cometidos por policiais militares no exercício de suas funções.”
O jovem contou ao Condepe que “jamais portou arma de fogo, naquele dia ou em qualquer outro, e que seus colegas, familiares e vizinhos podem testemunhar.”
Em nota, a SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública) afirma que "encaminhou os depoimentos e provas coletados no dia da ocorrência para apreciação do Ministério Público e do Poder Judiciário, que expediram o mandado de prisão preventiva contra o suspeito. Desde então o caso não voltou mais para investigação do 98°DP para qualquer complementação das diligências."
A pasta acrescenta ainda que "a Corregedoria da Polícia Militar instaurou Inquérito Policial Militar para apurar a ocorrência. Os PMs que participaram da ação seguem afastados do serviço operacional até o término das investigações que estão em fase de instrução."