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Ladrão de banco liga para PM de SP e pede proteção para roubar

Soldado estava cercado pela Corregedoria da PM quando criminoso encomendou cobertura

São Paulo|André Caramante, Do R7

Um dos vários telefones celulares de Marcelo Souza Ribeiro, 36 anos, soldado da Polícia Militar de São Paulo conhecido nas ruas pelo apelido de Sul, tocou na tarde desta segunda-feira (15) no exato momento em que ele era preso, dentro de seu aparamento, no bairro Pirajussara (zona sul de São Paulo), sob suspeita de integrar uma quadrilha especializada em roubar bancos e residências de alto padrão e também na explosão de caixas eletrônicos.

Do outro lado da linha, o soldado Ribeiro, já algemado e acompanhado pelos P2 (policiais militares do serviço secreto da corporação) da Corregedoria (órgão fiscalizador), ouviu a voz de homem confirmando que a quadrilha da qual o soldado é suspeito de integrar iria roubar uma casa em Jundiaí (59 km da capital), no interior de São Paulo, nos próximos dias.

O soldado Marcelo Souza Ribeiro (camiseta amarela), da PM de SP, é investigado sob suspeita de vender proteção para ladrões
O soldado Marcelo Souza Ribeiro (camiseta amarela), da PM de SP, é investigado sob suspeita de vender proteção para ladrões O soldado Marcelo Souza Ribeiro (camiseta amarela), da PM de SP, é investigado sob suspeita de vender proteção para ladrões

Até o momento daquela ligação, o soldado Ribeiro negava qualquer envolvimento com os ladrões de banco e de casas de alto padrão e fingia não entender os motivos que levavam os policiais da Corregedoria invadirem seu apartamento, com ordem da Justiça, em busca de possíveis provas de sua participação com criminosos.

Quando percebeu que os P2 escutaram toda a comunicação da quadrilha, o soldado Ribeiro, segundo a versão apresentada pela Corregedoria da PM à Polícia Civil, assumiu utilizar informações privilegiadas sobre as ações da Polícia Militar de SP para ajudar os ladrões de banco e de residências.

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De acordo com a investigação, o soldado Ribeiro trabalhava para aos ladrões repassando informações sobre o patrulhamento da polícia nas regiões onde os ladrões iriam cometer os roubos contra bancos ou casas e, para isso, recebia participação nos lucros dos crimes. Também era função de Ribeiro avisar a quadrilha sobre uma possível aproximação de carros da PM durante os assaltos. 

No apartamento do soldado Ribeiro, os integrantes da Corregedoria da PM apreenderam 11 telefones celulares e um aparelho de rádio. Todos as linhas telefônicas terão seus sigilos quebrados para o cruzamento de ligações para os integrantes da quadrilha de ladrões.

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O soldado Ribeiro confessou ter recebido R$ 4 mil, também na tarde desta segunda-feira, resultado de sua participação no roubo de uma residência, semana passada, na cidade de São Paulo. Informalmente, ele disse aos PMs da Corregedoria que o valor seria dividido com o também soldado Leandro de Freitas Marximo, 33 anos. 

No dia do roubo, o soldado Marximo estava trabalhando e tinha a atribuição de alertar a quadrilha de ladrões sobre o possível acionamento da Polícia Militar para tentar evitar o crime. Os dois PMs trabalhavam no Batalhão de Trânsito da corporação na cidade de São Paulo.

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PMs grampeados

Os soldados Ribeiro e Marximo passaram a ter suas ligações telefônicas gravadas pela 5ª Delegacia de Roubos do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado), da Polícia Civil, em abril deste ano. A Justiça Militar autorizou o monitoramento após os nomes dos PM aparecerem na investigação contra uma quadrilha que roubou uma agência do Banco Santander em Osasco, na Grande São Paulo.

O soldado Leandro de Freitas Marximo, 33 anos, atuava no Batalhão de Trânsito da Polícia Militar de SP.
O soldado Leandro de Freitas Marximo, 33 anos, atuava no Batalhão de Trânsito da Polícia Militar de SP. O soldado Leandro de Freitas Marximo, 33 anos, atuava no Batalhão de Trânsito da Polícia Militar de SP.

Outros 16 PMs são investigados atualmente no Estado de São Paulo sob suspeita de ajudar ladrões de banco. 

Na tarde desta segunda-feira (15), as escutas telefônicas feitas pelos policiais civis do Deic detectaram que o soldado Ribeiro ia encontrar no bairro de Artur Alvim, na zona leste de São Paulo, com um integrante da quadrilha de ladrões para receber os R$ 4 mil pelo acobertamento do roubo da residência, na semana passada.

Com o pagamento da corrupção ao PM feito, os policiais civis do Deic resolveram ir atrás dos dois homens com quem ele havia se encontrado. Vitor Rodrigues Soares e Higor Campos Soares tentaram estavam em um Palio e não pararam para os policiais. Eles foram perseguidos e, após abandonar o carro e correr, os dois foram presos. 

No Deic, o Palio, dirigido por Vitor Soares, foi reconhecido como o mesmo veículo utilizado pela quadrilha de ladrões em um roubo, dia 5 deste mês, contra a agência do Banco do Brasil localizada no pátio da estação Itaquera do Metrô.

Vitor Soares e Higor Campos também são investigados pelo Deic sob suspeita de participação direta nos roubos contra bancos e residências cometidos pela quadrilha que é suspeita de corromper os dois PMs para dar cobertura aos crimes.

Na casa do soldado Marximo, no Jardim Brasil, zona norte de São Paulo, os integrantes da Corregedoria da PM apreenderam alguns cigarros de maconha. A suspeita é que a droga era utilizada pelo policial militar para forjar provas contra pessoas que eram paradas por ele nas ruas de São Paulo e, para não prendê-las, o PM exigia o pagamento de propina.

Outro lado

Até a conclusão desta reportagem, o R7 não conseguiu localizar os advogados de defesa de Marximo, Ribeiro, Vitor Soares e Campos. Os dois PMs foram levados para o Presídio Militar Romão Gomes, no Jardim Tremembé, na noite desta segunda-feira (15).

Assista reportagem da Rede Record:

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