A mãe da mulher que foi feita refém nesta quinta-feira (11) dentro do shopping Metrô Tatuapé, na zona leste da capital paulista, chegou a se ajoelhar no chão da praça de alimentação, a cerca de sete metros do sequestrador, Átila Cassimiro, de 30 anos, e implorou:
— Solta ela! Solta minha filha!
A cena, que teria ocorrido nos primeiros momentos do sequestro, foi descrita ao R7 por Wiliam Bezerra da Silva, supervisor de uma das lojas do shopping e testemunha das negociações. Mas Cassimiro não a atendeu: por quase uma hora, manteve uma faca no pescoço da vítima.
O caso só teve fim após a PM usar uma arma de choque contra ele. De acordo com o delegado Antônio Carlos dos Santos, do 30º DP, a vítima, de 37 anos, havia acabado de se desvencilhar do sequestrador, que ainda se debatia e tentava agarrá-la novamente.
Falando consigo
O delegado, responsável por registrar a ocorrência, afirma que o sequestrador Cassimiro deve ser encaminhado a um hospital psiquiátrico.
— O rapaz aparenta ter problemas mentais. Não fala coisa com coisa. Ele não tem nenhuma relação com a vítima. Não é ex-namorado, ex-marido, não é nada disso... Sequer a conhecia.
Na delegacia, antes de prestar depoimento, Cassimiro vez por outra gritava, falando consigo mesmo:
— Átila [seu primeiro nome], estou aqui, Átila!
Também mencionava um suposto filho, citando o nome de uma mulher que o estaria impedindo de visitar a criança:
— Deixa eu ver meu filho, Silene!
Santos diz que o sequestrador é divorciado — o delegado chegou a localizar a ex por telefone — e chegou a mencionar ter perdido o emprego recentemente.
Diferentemente do que havia informado inicialmente a Polícia Militar, no entanto, não há informações que indiquem que o sequestrador seja ex-funcionário do shopping Metrô Tatuapé.
Carrinho de bebê
A vítima foi rendida por volta das 15h40 quando almoçava com a mãe na praça de alimentação do shopping Metrô Tatuapé. Ao lado delas, havia um carrinho de bebê, onde estava o filho pequeno da refém.
A arma usada por Átila era uma dessas faquinhas de pão. Ele a teria pegado, segundo quatro funcionários do shopping ouvidas pelo R7, em uma bandeja deixada por alguém que havia terminado a refeição.
Nos primeiros 20 minutos de sequestro, os seguranças do shopping Metrô Tatuapé tentaram negociar com o sequestrador. A Polícia Militar chegou em seguida, solicitou o esvaziamento da praça de alimentação e assumiu as conversas.
Segundo o supervisor Bezerra da Silva, durante 40 minutos de tensão, Átila deslocou-se da frente de um balcão para o interior da cozinha de um restaurante de frutos do mar, onde ocorreu o desfecho do sequestro.
Cadeiras de rodas
Após a detenção de Átila, a refém e a mãe tiveram de receber atendimento médico. A mãe passou pela enfermaria do shopping. A refém deixou o local em cadeira de rodas e foi levada ao Hospital do Tatuapé. Ela passa bem, apesar de ferimentos leves no pescoço.
A moça ainda deve ser ouvida na noite desta quinta pela Polícia Civil.