O trânsito intenso de carros e pessoas nas vielas de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, ficou ainda mais tumultuado nesta quarta-feira (1). Um incêndio de grandes proporções começou por volta de 13h45, destruiu pelo menos 50 barracos bem no meio da comunidade e deixou centenas de pessoas desabrigadas.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo foi controlado e não há informações de vítimas no local. No total foram deslocadas 24 viaturas e 90 agentes. O trabalho da brigada de incêndio, porém, foi dificultado pelo difícil acesso ao local — entre vielas muito estreitas e o terreno íngreme.
“Foi rápido, em uma hora pegou fogo em tudo”, comenta, ainda nos escombros, o ajudante de pedreiro Marcio dos Santos Nascimento, de 22 anos. O baiano de Ilhéus comenta ainda a lentidão para o controle do incêndio. “Os Bombeiros chegaram aqui depois das 15h. Eles chegaram tarde.”
De mochila nas costas, o ajudante de cozinha Adriano Silva de Souza, de 21 anos, conta como conseguiu evitar, mesmo que um pouco, um desastre ainda maior. “Eu meti o pé na janela, entrei no barraco, tirei o botijão (de gás) para não explodir e joguei pro lado de fora. Nem sei para onde foi o botijão”. Com exceção do uniforme do trabalho e do documento de identidade, Souza, que também é de Ilhéus, na Bahia, perdeu tudo o que tinha.
O jovem comenta um dos possíveis motivos para o desastre. “Muitos estão dizendo que foi noia fumando pedra dentro de casa, dormiu e pegou fogo em tudo.”
Muitos moradores da região, que não tiveram suas casas atingidas, foram ao local para ajudar. Móveis, eletrodomésticos e colchões eram amontoados em locais seguros, algumas mulheres se organizavam para arrecadar fraldas e roupas e dezenas de pessoas tentavam, mesmo que timidamente, conter o fogo com seus baldes e mangueiras.
“Não sei pra onde eu vou, tô perdido aqui”, comenta Souza. “Vamos ver o que essa prefeitura vai fazer por nós, estamos aqui sem teto, sem nada”, conclui.
No meio da confusão muitas famílias procuravam pelo cadastro da Prefeitura para um abrigo temporário, mas nenhuma autoridade no local sabia dar informações.
Em nota, a Prefeitura afirma que "a SMADS (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social) está atendendo às famílias atingidas no incêndio da tarde desta quarta-feira (1), em Paraisópolis". Afirma ainda que "serão distribuídos cestas básicas, kits de higiene, colchões e cobertores, além de vagas em Centros de Acolhida para aqueles que aceitarem."
A Defesa Civil aguarda o término dos trabalhos de rescaldo do Corpo de Bombeiros para poder avaliar a área.
*Colaborou Giuliana Saringer, estagiária do R7