Vista aérea do Complexo do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo
Gabriel Cabral/Folhapress - 21/10/2019Na iminência da reestruturação de parte do Complexo do Ibirapuera para dar lugar a um shopping center e escritórios, o MP-SP (Ministério Público de São Paulo) pediu ao governo estadual de São Paulo informações sobre a concessão da área onde está o Conjunto Desportivo Constância Vaz Guimarães.
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Em nota, o MP também afirmou que, mesmo após o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) negar o tombamento do local, o órgão está analisando outras possíveis restrições legais que impediriam a construção de novos empreendimentos no complexo.
Segundo o edital de privatização do complexo, no lugar da pista de atletismo deverá ser criada uma arena multiuso com capacidade para 20 mil pessoas. A nova estrutura receberia eventos esportivos e culturais. Já o ginásio do Ibirapuera seria transformado em um shopping center, enquanto que no lugar do complexo aquático seria construída uma torre comercial anexa a um hotel.
A expectativa é que a empresa que tomará conta do complexo seja escolhida em fevereiro de 2021. Atualmente, o complexo abriga o Ginásio do Ibirapuera, o Conjunto Aquático, o Estádio Ícaro de Castro Melo, o ginásio poliesportivo e o palácio de judô. Juntas, as estruturas têm capacidade para aproximadamente 33 mil pessoas.
Em reunião virtual, os conselheiros decidiram por 16 votos a 8 em não levar adiante o processo que pedia o início do processo de tombamento. Dessa forma, é possível dar continuidade ao projeto de concessão do centro esportivo, que foi aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo no ano passado.
Docentes e pesquisadores da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) realizaram uma carta aberta e um abaixo assinado contra a privatização do Conjunto Esportiva Constâncio Vaz Guimarães.
"O projeto, tal como estruturado, representa séria ameaça à integridade física e ao funcionamento de um equipamento esportivo que, além de ser muito utilizado na formação de atletas no Brasil, é constitutivo da história da cidade de São Paulo e realização fundamental da história da arquitetura brasileira. Além disso, tem um grande valor de uso e afetivo pela comunidade esportiva que dele faz intenso uso desde os anos 1950", segundo o abaixo-assinado.