Ladrão morreu após assaltar jovem na zona norte de São Paulo
Edison Temoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo
O homem que imobilizou um ladrão na zona norte de São Paulo tentou socorrer o suspeito, que acabou morrendo. A informação consta no boletim de ocorrência registrado no 73º Distrito Policial. De acordo com o documento, ao perceber a gravidade da agressão, ele informou aos policiais militares que a mulher era enfermeira. Ela acabou auxiliando o criminoso nos primeiros socorros com massagem cardíaca.
A., de 35 anos, ofereceu ajuda a um vendedor que tinha acabado de ser assaltado na rua Paulo de Faria, no Tucuruvi. Ele e a esposa estavam passando de carro pela região,quando perceberam o nervosismo da vítima, de 23 anos.
Para tentar ajudar, o casal ofereceu carona ao jovem até a casa dele, conforme relata o vendedor.
—Eu estava cansado. Inclusive, minhas pernas ainda estão doendo de tanto correr. Havia dois rapazes ao meu lado, tentando me ajudar. Foi na hora em que eles (A. e a mulher) chegaram e me perguntaram se eu tinha sido assaltado. Eles me deram uma carona.
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Mas no meio do caminho — na avenida Guapira — uma surpresa: o suspeito foi reconhecido pelo vendedor nas proximidades de um ponto de ônibus. Ainda segundo informações do boletim de ocorrência, A. teria desembarcado do veículo e segurado o ladrão pelas costas e pelo pescoço. A história é confirmada pela vítima.
— Foi quando ele (A.) desceu do carro, gritando: “É ladrão, é ladrão”. O assaltante pegou e colocou uma das mãos atrás das costas. Então, ele (A.) pensou que o criminoso iria sacar a arma e se jogou em cima. Os dois caíram no chão.
De acordo com o boletim de ocorrência, policiais que faziam patrulha pelo bairro do Tucuruvi se depararam com a cena e pediram para que o homem soltasse o suspeito, o que foi atendido prontamente. Já o vendedor contou outra versão.
— De repente, apareceu um monte de gente. Estava tão nervoso que não lembro quase de nada. Só me lembro quando alguém falou: “A arma é de brinquedo”. Foi quando chegou uma viatura rapidamente e ele (A.) perguntou para os policiais: “Pode soltar?”
Segundo o jovem, o suspeito estava com pulso fraco e a mulher de A. tentou reanimá-lo, fazendo massagem cardíaca. Mas quando os paramédicos chegaram, encontraram o ladrão morto. Com o suspeito, a PM localizou o celular da vítima.
"Eu me sinto muito culpado"
Abalado, o vendedor disse que se sente culpado pelo que aconteceu.
— Foi em legítima defesa. Ele se colocou em risco e colocou a família. O filho, de seis anos, estava com ele também. Não é todo dia que a gente encontra uma pessoa dessas. Eu não sei o que dizer. Não sei com que cara olho para ele. Eu me sinto muito culpado. Coitado, ele estava saindo do shopping também, estava feliz com a família e foi tentar ajudar uma pessoa e deu nisso.
Após o flagrante, todos foram encaminhados para o 73°Distrito Policial. A. vai responder por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. “O intuito do indiciado era a detenção do indivíduo desconhecido”, diz o boletim de ocorrência ao qual a reportagem teve acesso.
Em conversa com o R7, A., aos prantos, informou que não tinha condições de dar entrevista, pois estava em uma situação complicada. À pedido, a identidade dele foi preservada.
A. pagou fiança de R$ 1.000 e vai responder ao processo em liberdade. O celular no valor de R$ 699 foi devolvido à vítima.