Os turistas que vieram para a Copa do Mundo e um orçamento gordo - que garantiu a montagem de megaexposições - são algumas possíveis explicações para um recorde batido em 2014: pela primeira vez, os 10 museus mais visitados de São Paulo ultrapassaram a marca de 3 milhões de ingressos. O número exato: 3.203.821 pessoas passaram por essas dez instituições ao longo do ano passado.
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No topo do ranking aparece o MIS (Museu da Imagem e do Som) - que arrebanhou multidões no ano passado com a exposição do seriado Castelo Rá-Tim-Bum -, seguido pelo Catavento, sempre cheio de crianças em excursões escolares, e pela Pinacoteca do Estado - que trouxe a disputada mostra do artista plástico Ron Mueck.
O levantamento foi feito pelo Observatório de Turismo e Eventos, núcleo de estudos e pesquisas da SPTuris, empresa de turismo e eventos de São Paulo, com base nos números de visitação de todos os 101 museus em funcionamento na cidade. E é um retrato consolidado do fenômeno recentemente visto nos museus paulistanos: mostras de caráter mais pop e filas, longas filas nos arredores.
o coordenador da pesquisa, Fabio Montanheiro afirmou que a análise dos números de visitação mostrou que as exposições temporárias são catalisadoras de visitas.
A má notícia é que esse recorde deve custar muito para ser ultrapassado. A ausência de um grande evento neste ano não deve trazer tantos turistas para a cidade. Ao mesmo tempo, o cenário é de crise, com cortes orçamentários na área cultural.
André Sturn, diretor do MIS, diz que a programação será mais comedida.
— Com isso, nossa programação está menos ambiciosa e 2015 será um ano diferente.
A instituição, que tinha um orçamento médio anual de R$ 10 milhões ao longo dos últimos anos, terá de trabalhar em 2015 com R$ 2,6 milhões a menos, segundo o próprio Sturm.
A SPTuris confirma esse discurso de, digamos, "recessão das bilheterias". Mas aproveita para dar um conselho para os dirigentes dos museus.
Muitas exposições temporárias, segundo Montanheiro, são de obras que vêm do exterior e promover uma exposição com essas obras tem a influência do câmbio.
— Realmente fica caro. Mas os diretores de museus devem aproveitar o bom momento que os museus viveram, com esse recorde de visitação, e ampliar a divulgação dos seus arquivos fixos, que merecem ser visitados não só pelos turistas, mas por quem mora em São Paulo. É um campo a ser explorado.
Dedicação
De certa forma, é o que já faz o Catavento, segundo colocado no ranking de 2014. Sem apostar em grandes mostras temporárias, esse museu científico para crianças e adolescentes tem instalações interativas e, quase sempre, permanentes.
A coordenadora do Educativo da instituição, Ana Rita Carlos Lima, explica a meta do espaço.
— Nosso bom desempenho é fruto da dedicação, em seis anos de existência, na divulgação das ciências.
Em terceiro lugar no ranking, a Pinacoteca credita os bons números à arte de qualidade e à diversidade da programação.
Para o diretor de Relações Institucionais do museu, Paulo Vicelli, além das mostras permanentes, em 2014 mais de 20 exposições temporárias de artistas brasileiros e internacionais passaram pela Pinacoteca.