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PM é investigado por dar material para explodir caixas eletrônicos

Policial seria o responsável pelo monitoramento do rádio da corporação para alertar os comparsas da chegada das unidades de elite

São Paulo|Tony Chastinet e Diego Costa, da Record TV

Caminhão incendiado após tentativa de roubo de carro-forte na Tamoios
Caminhão incendiado após tentativa de roubo de carro-forte na Tamoios Caminhão incendiado após tentativa de roubo de carro-forte na Tamoios

A Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo investigam um soldado da PM lotado em Caçapava, no Vale do Paraíba, suspeito de fornecer explosivos para uma das mais perigosas quadrilhas de roubo a caixas eletrônicos e carros-fortes em atividade no Estado. O policial também seria o responsável pelo monitoramento do rádio da corporação para alertar os comparsas da chegada das unidades de elite, além de guardar os fuzis usados pelos criminosos durante os assaltos.

A identidade do soldado Gérson dos Santos, da 3ª Companhia do 46º Batalhão do Interior, foi descoberta depois da explosão das agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil na cidade de Piquete em 26 de outubro. Naquele dia, horas depois do roubo, uma equipe do Baep, unidade de elite da Polícia Militar, localizou e prendeu três homens e um adolescente em São José dos Campos. Foi encontrado dinheiro e uma arma usada no assalto. Os homens indicaram um apartamento em Caçapava, onde foi preso o agente penitenciário Márcio Palumbo.

Na casa do agente, que trabalhava no presídio de Potim, foram encontrados quatro cartuchos explosivos, revólver com numeração raspada, máscara ninja, luvas, rádio comunicador e dinheiro. Palumbo foi preso em fragrante e admitiu participação no roubo em Piquete. Segundo a Polícia, ele teria revelado informações sobre o suposto envolvimento do soldado com a quadrilha.

O policial teria deixado o explosivo usado em Piquete três semanas antes do roubo. Cada bastão explosivo era vendido por R$ 1.000.

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Ele também seria responsável por monitorar a movimentação de carros e comunicações da Força Tática e Baep durante os ataques e alertar os comparsas para abortar o roubo. O agente citou como exemplo o ataque a um carro-forte na rodovia dos Tamoios, na altura de Paraibuna, em 12 de setembro. O grupo já havia atacado a tiros o blindado, quando foi avisado da aproximação dos policiais de elite e desistiu do roubo.

O soldado foi reconhecido por fotografia. Os policiais também confirmaram que Santos estava de serviço nos dias dos ataques em Piquete e Paraibuna. No dia 28 de outubro, o juiz Ronaldo Roth, da 1ª Auditoria Militar do TJM, decretou a prisão preventiva de Santos. Ele foi levado para o Presídio Militar Romão Gomes, onde ficou preso por dois meses. A Justiça militar acatou o pedido de relaxamento da prisão do policial que responde o IPM em liberdade. Ele foi indiciado pela participação no ataque aos bancos em Piquete.

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Novo Cangaço

O policial também está na mira de policiais civis da DIG de São José dos Campos e do Deic. A quadrilha da qual ele é suspeito de ajudar atacou três carros-fortes no ano passado na Rodovia dos Tamoios em ações cinematográficas com estradas bloqueadas, rajadas de tiros de fuzil e caminhões incendiados. Em um dos roubos, um motorista de caminhão que passava na estrada foi atingido por um tiro e morreu.

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Os ataques a caixas eletrônicos e bancos com explosivos criaram clima de medo na região do Vale do Paraíba. Usando a técnica do Novo Cangaço, a quadrilha atacou pequenas cidades da região como Jambeiro, Monteiro Lobato e até a turística Santo Antonio do Pinhal. Nem a terra natal do governador Geraldo Alckmin, Pindamonhangaba, escapou. Foi registrado mais de um ataque por mês na região. Os bandidos são tão violentos que enfrentaram a tiros uma equipe do Deic em Jacareí no ano passado.

Outro Lado

Fábio Pereira do Nascimento, advogado do policial militar Gérson dos Santos, disse que o cliente nega as acusações. Ele ressaltou que foi cumprido mandado de busca na casa do soldado, onde não foi encontrada nenhuma prova. Ainda de acordo com o defensor, a delação do agente penitenciário teria sido informal, no momento em que foi preso. Nascimento diz que o agente não teria sido específico ao apontar o envolvimento do policial com a quadrilha.

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que “em outubro de 2017, o policial militar foi recolhido ao Presidio Militar Romão Gomes, preventivamente, por indícios de envolvimento em crime de roubo ocorrido na cidade de Piquete. A Justiça expediu alvará de soltura ao policial militar, que permaneceu afastado do serviço operacional. A análise do envolvimento do policial nos crimes apontados serão esclarecidos por meio de procedimentos apuratórios que, atualmente, encontram-se na fase de instrução processual”.

A Secretaria da Administração Penitenciária informou em nota que “o agente de segurança penitenciária (ASP) da Penitenciária II de Potim foi preso no dia de 26/10/2017 suspeito de integrar uma quadrilha e ter participado de roubo a caixa eletrônico com utilização de explosivos na cidade de Piquete. Diante da prisão foi determinada a instauração de um processo administrativo, estando o servidor sujeito a pena de demissão, sem prejuízo do processo criminal”.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa do agente penitenciário Márcio Palumbo. Ele está preso e responde o processo na 1ª Vara Criminal Federal de Guaratinguetá.

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