Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

PM investiga possibilidade de 2ª pessoa estar envolvida na morte de casal, dizem ex-policiais da Rota

Linha de investigação está considerando um suspeito ligado à família, dizem policiais

São Paulo|Thiago de Araújo, do R7

Casal de PMs teria sido assassinado pelo próprio filho
Casal de PMs teria sido assassinado pelo próprio filho Casal de PMs teria sido assassinado pelo próprio filho

A possibilidade do envolvimento de uma segunda pessoa na morte do casal de policiais militares Luís Marcelo Pesseghini e Andreia Bovo Pesseghini, do filho deles, Marcelo Pesseghini, de 13 anos, e de mais duas pessoas na casa da família, na zona norte de São Paulo, é uma das que norteiam o trabalho de investigação do caso. A informação é de dois ex-policiais da Rota (Rotas Ostensivas Tobias de Aguiar), que acompanham de perto os trabalhos. Mais cedo, a PM informou que descarta ataque à família e investiga se filho de 13 anos cometeu o crime.

Em entrevista ao R7, o coronel Paulo Lopes Telhada revelou a polícia trabalha com a suspeita de uma pessoa, um homem da família de Andreia Pesseghini, cabo do 18º Batalhão da PM. Esse suspeito já teria sido ouvido e está sendo averiguado pelos investigadores. A mesma informação foi confirmada pelo ex-capitão da Rota Roberval Conte Lopes, outro que vem acompanhando o caso junto aos colegas de farda.

Em conversa com outros policiais, Telhada contou detalhes do vídeo apreendido pela polícia, feito por câmeras de segurança da região do Colégio Stella Rodrigues, onde o filho do casal de PMs estudava e local no qual o carro da policial morta foi encontrado. O relato é semelhante ao apresentado pelo comandante da Polícia Militar, coronel Benedito Roberto Meira, em uma entrevista à Rede Globo.

— As imagens apreendidas pelos colegas da cabo do 18º Batalhão mostram o carro da vítima sendo estacionado por volta da 1h30. Nesse horário, acredita-se que os assassinatos na casa já haviam ocorrido, levando em conta que o sargento Luís Marcelo teria que entrar para o seu turno na Rota às 5 h. Depois das 6 h, uma pessoa, aparentemente um homem, desce do carro com uma mochila e desce do carro, em direção da escola.

Publicidade

Filho de casal de PMs assassinados tinha doença grave e incurável

Família será velada desta terça em São Paulo

Publicidade

Leia mais notícias de São Paulo

Detalhes da investigação, segundo as fontes ouvidas pelo R7, mostram que a mochila do jovem estaria vazia, já que todos os materiais escolares foram encontrados na casa. Além disso, Marcelo teria pedido a uma professora para ir embora mais cedo, no que a professora disse não poder liberá-lo, tendo que primeiro ligar para os pais do adolescente. Marcelo teria respondido, segundo depoimento dessa professora, que “não havia ninguém em casa”.

Publicidade

De posse da chave do carro da mãe (“ele abriu e trancou”), o filho do casal de PMs foi levado para casa pelo pai de um colega de escola. Esse pai teria sugerido buzinar e chamar os pais de Marcelo, que respondeu que “o pai estava dormindo e a mãe tinha ido trabalhar”, de acordo com depoimento prestado à polícia. Aqui repousa uma das principais dúvidas dos investigadores: o jovem se matou ao chegar em casa ou foi morto?

— Ele estava todo vestido, na cama. Na arma ainda havia sete cápsulas intactas. Todos os disparos nas cinco vítimas da família eram do mesmo calibre, da mesma arma, que era da mãe. A polícia já não trabalha com a possibilidade de crime organizado justamente por isso, porque nesse caso teria mais armas, por exemplo.

Sobre a pessoa que seria suspeita de participação na chacina, os ex-policiais da Rota revelaram poucos detalhes. Para Conte Lopes, tão importante quanto definir quem matou o casal de PMs e as demais pessoas, é saber do motivo.

— Mesmo que essa pessoa da família tenha envolvimento, tem que saber o motivo desse crime bárbaro. É difícil acreditar que um garoto de 13 anos faria tudo isso sozinho, ainda deitaria em cima da arma.

Mais detalhes dos assassinatos

A intrigante história envolvendo o carro é vista como a maior interrogação do caso, passadas quase 24 horas do crime. Testemunhas que conheciam a família garantem que Marcelo não sabia ou já tinha dirigido na vida, o que reforça a crença de uma segunda pessoa envolvida no caso. Outro detalhe é a falta de reação das vítimas. A suspeita é de que as vítimas – além do casal de PMs e do adolescente, a avó da criança, de 65 anos, mãe de Andreia, e a tia de Andreia, de 55 anos, também foram mortas — pudessem estar dopados, de acordo com Telhada.

— Havia muito remédio na casa. A maneira com que as pessoas foram encontradas também leva a crer que pudessem estar dopadas. O sargento estava de bruços, se não tivesse visto o tiro na cabeça diria que ele estava dormindo. A mulher dele parece ter acordado com o tiro, que estava se arrastando, já que estaria deitada em um colchão no chão, e quando ela tentou se levantar alguém parece ter segurado ela e lhe dado um tiro na cabeça. As mulheres do fundo estavam cobertas, uma delas de calça jeans inclusive, mortas como se estivessem dormindo. É estranho alguém atirar e ninguém acordar, não haver sinais de arrombamento ou lesão corporal. Só o exame cadavérico vai comprovar, mas havia muito remédio, o menino tinha uma doença grave e a mãe também parecia estar tomando medicamentos fortes.

Para o especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello, além do mistério em torno do caso, a possibilidade de suicídio do filho do casal também gera muitas controvérsias, algo que só laudos posteriores poderão esclarecer.

— O que a perícia vai definir é a posição do garoto, por exemplo. É difícil poder dizer qual seria a posição que ele ficaria, é difícil ainda dizer, não se sabe a posição que ele [Marcelo] estava. A tendência, quando você faz o disparo contra si, é o seu corpo cair e a arma ir parar do lado contrário. Normalmente em um tiro encostado, algumas vezes com tiro na boca, você cai em cima da arma.

“Nunca vi isso na minha vida”

Em décadas de serviços prestados à Polícia Militar, Telhada e Conte Lopes já viram de tudo quando o assunto é o mundo do crime. Todavia, nenhum dos dois se lembra de qualquer caso que possa chegar perto à tragédia envolvendo a família do casal de PMs da zona norte de São Paulo.

Comandante da Rota até 2011, quando foi para a reserva da PM, Telhada era amigo pessoal do sargento Luís Marcelo Pesseghini. Não por acaso, ele fez questão de ir até o local do crime, no bairro Brasilândia. Ele acompanhou os trabalhos, ao lado de muitos “boinas pretas”, indumentária que diferencia oficiais da Rota dos demais policiais militares.

— Ele era uma pessoa super conceituada, todo mundo gostava dele, até brincávamos porque ele falava muito. Era uma pessoa acima de qualquer suspeita, então é uma grande perda, que a gente sente muito. Ele morreu dormindo, deve ter sido instantânea, não só dele, mas dos demais parentes também. A esposa eu não conhecia, mas era muito conceituada junto ao batalhão dela. Essa era uma família com história na Polícia Militar, o irmão dela foi tenente no interior e o pai dela era da corporação, até ser morto em 2000.

Telhada considera perfeitamente possível que o adolescente tenha manuseado a pistola .40, arma utilizada na chacina. A opinião é a mesma do especialista Jorge Lordello. O problema é que testemunhas garantem que o sargento era muito zeloso pela segurança e jamais mostrava ou deixava exposta as suas armas aos familiares, enquanto uma arma desse porte não poderia ter sido manuseada por um leigo, segundo Lordello.

— Com a arma encostada na cabeça (da vítima), seria possível ele (adolescente) ter feito os disparos. As pessoas acham que o recuo ao disparar é muito grande, mas é bem menor do que uma .45, por exemplo. Uma pistola tem uma dificuldade: para você começar a atirar com ela, você tem que segurar a parte de cima, permitindo que o primeiro projétil vá para a câmara. Então os demais irão subindo automaticamente, mas para um primeiro disparo é preciso ter alguma informação. O funcionamento é diferente de um revólver.

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.