O delegado do Deic (Delegacia Estadual de Investigações Criminais) Carlos Battista, responsável pela investigação da morte de outro delegado em um latrocínio (roubo seguido de morte), em setembro deste ano, considera um "absurdo" a publicação da foto do motorista Antonio Rodrigues Oliveira, de 31 anos, em uma página de apologia à violência no Facebook. Na página, o motorista parece como responsável pela morte do policial civil. Porém, o homem foi inocentado, após passar 28 dias na prisão.
— Quem fez a divulgação da foto deve ser responsabilizado. A prisão não foi divulgada nem na imprensa porque estava em fase de investigação. Isso não deveria ter acontecido de forma alguma. Eu acho isso um absurdo. Por parte da delegacia com certeza essa foto não foi divulgada.
De acordo com Battista, Oliveira foi detido com base no depoimento de duas testemunhas. Uma delas teria reconhecido pessoalmente o motorista, que, segundo o delegado, "é muito parecido com um dos procurados".
Além disso, o delegado frisou algumas características de Oliveira que contribuíram com os depoimentos e o levaram à prisão temporária.
— Ele já tinha passagem pela polícia e tatuagens de palhaço, muito comuns em criminosos que matam policiais.
O advogado de defesa Ahmad Lakis Neto, que representa Oliveira, afirma que vai entrar com um processo contra o Estado por danos morais e emocionais.
— O filho de três anos do meu cliente está traumatizado por ter visto o pai ser preso em casa. A mulher dele pensou em suicídio.
Liberdade
O motorista Antonio Rodrigues Oliveira foi solto na quinta-feira (16). O delegado Battista afirma que o pedido de soltura do motorista aconteceu quando os verdadeiros responsáveis foram identificados, por meio do confronto de digitais, encontradas no carro da vítima, e pelo depoimento de um motorista de caminhão, que comprou o celular roubado.
Os ajudantes Rafael dos Santos e Vinícius de Jesus Lopes, ambos de 18 anos, estão foragidos e moram na região do conjunto habitacional Chaparral, na Penha (zona leste de SP).
Caso
O delegado do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) Francisco de Assis Camargo Magano morreu após ser baleado na noite de 13 de setembro, na Penha (zona leste de SP). De acordo com um funcionário do 10°Distrito Policial da Penha, o delegado morreu no Pronto Socorro do Hospital Tatuapé.
A vítima chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital. O carro roubado foi abandonado a 5 km do local do crime.
A polícia trata a morte do delegado como latrocínio (roubo seguido de morte). De acordo com o delegado Battista, há indícios de que a dupla responsável pelo crime tinha conhecimento de que a vítima era um policial.
— Foram direto nas armas.