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Polícia matou mais de 50 pessoas em região onde PM baleou fugitivos no chão

Campo Limpo, Capão Redondo e Parque Santo Antônio têm, juntos, média de 2 casos por mês

São Paulo|Alvaro Magalhães, do R7

Policial atirou contra adolescentes: um deles de braço levantado
Policial atirou contra adolescentes: um deles de braço levantado Policial atirou contra adolescentes: um deles de braço levantado

A região sudoeste da periferia paulistana, formada pelas regiões do Campo Limpo, Parque Santo Antônio e Capão Redondo, foi palco de 56 casos registrados como “morte em decorrência de intervenção policial” desde 7 de janeiro de 2013, quando supostos confrontos começaram a ser registrados dessa forma.

Trata-se de uma das regiões da capital paulista em que a polícia é mais letal.

Foi lá que dois adolescentes, de 15 e 17 anos, foram baleados, na noite de terça-feira (23), pelo cabo C.S, de 39 anos. A perseguição foi transmitida pelo Cidade Alerta, da TV Record.

O cabo está preso administrativamente. Os dois baleados seguem internados.

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Dados obtidos pelo R7 mostram que o uso da força por parte da polícia na região é constante. Só no Campo Limpo, foram registradas 24 ocorrências de mortos por policiais em menos de três anos: 3 em 2010; 15 em 2014; e 6 até o fim de abril de 2015. No Capão Redondo, foram 18 registros no período: 5 em 2013; 7 em 2014; e 6 em 2015. A região do Parque Santo Antônio teve 14 casos: 1 em 2013; 9 em 2014; e 4 em 2015. Para cada ocorrência, pode haver mais de um morto.

Os casos registrados como “morte em decorrência de intervenção policial” são aqueles em que, em um primeiro momento, a ação da polícia é considerada legítima. A classificação pode ou não ser alterada para “homicídio” de acordo com apurações posteriores.

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Cena forjada?

A Polícia Civil e a Corregedoria da Polícia Militar apuram se o cabo tentou simular um confronto para que sua ação não fosse considerada excessiva.

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Após balear os fugitivos, o PM aproximou-se dos adolescentes, pegou uma arma que estava com um deles, e atirou duas vezes para o chão. Até então, os infratores não tinham disparado. Em depoimento à Polícia Civil, o cabo disse que os tiros com a arma apreendida foram acidentais.

A perseguição teve início na avenida João Dias e terminou na rua Olímpio Rodrigues Araújo, quando os adolescentes bateram contra um poste. Sem descer da moto, o cabo, que estava sozinho, apontou para os fugitivos, caídos no chão, e disparou quatro vezes.

Nas imagens da TV Record, é possível ver um dos adolescentes com as mãos para o alto.

Na delegacia, o PM afirmou que só atirou nos momentos finais da perseguição, após o adolescente mais novo, que estava garupa, atirar o capacete contra ele e apontar uma arma.

Ainda conforme o policial, mesmo após a batida da moto, os fugitivos continuaram ameaçando atirar — e não obedeceram à ordem de largar as armas. O cabo disse que então disparou "diversas vezes" como um "ato de reflexo" em "autodefesa".

Roubo

De acordo com o registro da ocorrência, meia hora antes de serem baleados, os adolescentes haviam roubado a moto — uma CG 150 Titan —, dois celulares e R$ 107 de um motoboy de 36 anos, na rua Paes da Silva, em Santo Amaro. A vítima os reconheceu por foto.

PM emite nota

Após o caso, a Polícia Militar afirmou em nota que “reforça seus valores de transparência, imparcialidade e legalidade, sendo certo que todo e qualquer tipo de não-conformidade na atuação policial será objeto de responsabilização nas esferas competentes”.

O caso foi registrado pelo 47º DP (Capão Redondo) como “ato infracional” e “lesão corporal decorrente de intervenção policial”.

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