Kassab tratou as denúncias como "tentativas sórdidas" de funcionários públicos de atingir sua imagem
Douglas Aby Saber/FotoarenaCaberá à Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo decidir se será aberta uma investigação para apurar o suposto pagamento de propina da empresa Controlar ao ex-prefeito da capital e presidente do DEM Gilberto Kassab. Uma testemunha protegida, ouvida pelo Ministério Público no caso do ISS (Imposto Sobre Serviços), citou que Kassab “havia ganhado uma verdadeira fortuna”.
A revelação foi feita ao promotor Roberto Bodini por um auditor fiscal da prefeitura, tratado como “testemunha gama”. Segundo Bodini, a informação passada sobre o ex-prefeito não tem ligação direta com o caso da fraude no ISS e, por isso, deverá ser repassada à Procuradoria.
— A gente tem um caminho de tentar encaminhar diretamente ao promotor, mas no caso aqui, em face da presença de várias autoridades, que são ou que foram no passado, da gravidade dos fatos que são narrados, nós optamos por encaminhar isso para a Procuradoria-Geral de Justiça e que a Procuradoria determine qual é a melhor maneira de se apurar isso que foi narrado pela testemunha.
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No depoimento, a testemunha fala que o auditor fiscal Ronilson Bezerra ouviu do empresário Marco Aurélio Garcia — irmão do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação — que o ex-prefeito ganhou uma “verdadeira fortuna” da Controlar, que era guardada no apartamento de Kassab.
“Iniciada a investigação sobre a Controlar, Kassab pediu ajuda para Marco Aurélio Garcia para tirar o dinheiro de lá. Marco Aurélio providenciou a retirada do dinheiro e um avião para levar a quantia para uma fazenda no Estado do Mato Grosso. Dizia em tom de anedota, que o avião teve dificuldade de decolar em razão da quantidade de dinheiro embarcada”, diz um trecho do depoimento.
Bodini vai encaminhar no começo da próxima semana o depoimento à Procuradoria. Segundo ele, o órgão vai analisar se há alguma investigação em andamento sobre o fato e se há necessidade de abertura de novo inquérito.
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Em nota, Kassab tratou as denúncias como uma forma de prejudicá-lo. “O ex-prefeito de São Paulo repudia as tentativas sórdidas de envolver, de forma contumaz, o seu nome em suspeita de irregularidades que pesem contra funcionários públicos municipais admitidos há anos por concurso, cujo objetivo escuso é única e exclusivamente atingir a sua imagem e honra”, diz o texto.
A Controlar também se posicionou citando decisão judicial de quinta-feira (16), do juiz Luiz Raphael Nardy Lencioni Valdez, da 7ª Vara Criminal. Segundo a empresa, “não houve qualquer descumprimento legal na decisão tomada para inicio das atividades da concessionária no ano de 2008”.
“A decisão também demonstra que as recentes especulações e insinuações irresponsáveis contra a Controlar são infundadas, as quais a empresa nega veementemente. A concessionária repudia qualquer declaração fantasiosa e afirma que trata-se apenas de uma tentativa de prejudicar o andamento das ações que tratam da manutenção do atual programa de inspeção na cidade de São Paulo”, conclui a nota.