O caso Mércia Nakashima voltará à tona no próximo mês. Desta vez, quem se senta no banco dos réus no dia 29 de julho, no Fórum Criminal de Guarulhos, na Grande São Paulo, é o vigia Evandro Bezerra da Silva. Ele responde por participação no assassinato da advogada com duas qualificadoras: meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Nesta quinta-feira (23), o crime completa três anos. O promotor Rodrigo Merli afirmou que espera que o acusado pegue uma pena em torno de 20 anos.
O representante do Ministério Público, porém, pondera e diz que talvez o vigia seja condenado a 18 anos de prisão. Isso porque a sentença do policial militar reformado Mizael Bispo foi de 20 anos de reclusão em regime fechado pelo assassinato da ex-namorada Mércia. De acordo com Merli, Evandro não deve ser sentenciado a uma condenação superior a do Mizael, pois a acusação que pesa sobre ele é de participação.
— Agora, como já tem essa fixação pelo Mizael de 20, ficaria estranho o partícipe, com uma qualificadora a menos, ter uma pena maior. Então, eu acho que por questão de coerência, seja qual for o juiz, vai dar uns 18 anos para o Evandro.
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A promotoria aposta que a condenação do principal autor contará a favor para que Evandro também seja considerado culpado. No dia do crime, 23 de maio de 2010, Mizael teria ligado para o vigia para que ele fosse buscá-lo na represa em Nazaré Paulista, onde o corpo e o veículo da advogada foram encontrados no dia 10 de junho.
— Ele confirma. Passou a confirmar, pouco tempo antes do próprio julgamento do Mizael, que realmente foi buscá-lo [na represa]. Então a controvérsia vai ficar em cima de que ele foi buscá-lo, mas não sabia do que estava acontecendo ali. A nossa prova vai ser mostrar para o júri que ele sabia, sim, que tinha ciência do que ia acontecer.
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Festa
A defesa do réu confirma que ele foi até o local, mas afirma que o acusado não tinha conhecimento sobre o que o policial militar reformado estaria fazendo. O advogado do vigia, Aryldo de Paula, afirmou que Mizael, na época, teria dito a Evandro que estava em uma festa em Nazaré Paulista.
— Ele [Mizael] diz o seguinte: eu saí de uma festa, os amigos foram embora, eu fiquei com uma garota, a garota já foi embora e eu acabei ficando aqui.
Ainda segundo o defensor de Evandro, o réu encontrou o ex-namorado de Mércia em um mata-burro (ponte de tábuas espaçadas) nas proximidades da represa de Nazaré Paulista e depois o levou até o estacionamento do Hospital Geral de Guarulhos, onde estava o carro de Mizael.
Em março, durante o seu julgamento, o policial militar reformado negou o crime e classificou a relação com o vigia como “estritamente profissional”. Questionado pelos jurados por qual motivo Bezerra o colocou na cena do crime quando contou que foi buscá-lo, o condenado afirmou:
— É uma pergunta que eu não tenho resposta.
O promotor Rodrigo Merli foi recebido pelo Diretor Executivo Nacional de Relações Institucionais da Rede Record, Zacarias Pagnanelli. Ele esteve na emissora para agradecer a forma profissional que a Record transmitiu na íntegra o júri de Mizael Bispo.