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Série de vídeos expõe vida sexual de adolescentes na zona sul de SP

Lista "Top 10" divulgada entre estudantes do Grajaú tem imagens de garota de 15 anos nua

São Paulo|Do R7*

Jovens são acusadas de consumir e traficar drogas
Jovens são acusadas de consumir e traficar drogas Jovens são acusadas de consumir e traficar drogas

Vídeos que circulam em grupos de WhatsApp e Facebook expõem supostas intimidades de adolescentes da região do Grajaú, zona sul da capital paulista. Os vídeos, conhecidos como “Top 10”, costumam ser compartilhados entre os alunos de escolas estaduais em que as vítimas estudam.

A reportagem do R7 teve acesso a sete vídeos, que mostram cerca de 80 adolescentes, sendo pelo menos 70 meninas. Com funks ao fundo, os vídeos são compostos por fotos, nomes e frases acusando os jovens de consumirem e traficarem drogas ou, como acontece na maioria dos casos, contam sobre a vida sexual e relacionamentos amorosos das adolescentes.

A coordenadora do canal de ajuda da SaferNet, ONG que promove direitos humanos na internet, Juliana Cunha, explica que vídeos intitulados como "Top 10" circulam na internet há pelo menos dois anos. Em 2015, meninas que foram vítimas da lista chegaram a abandonar os estudos e tentar suicídio

Em um dos vídeos deste ano, uma adolescente aparece em uma foto nua, com frase difamatória. Procurada pela reportagem, a adolescente afirma suspeitar quem foi o autor da foto. Ela afirma que foi fotografada à força.

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— Em 2014 saí para uma festa com meu primo, ele tinha brigado por lá, e me deixou na festa. Eu acabei tomando no copo de uns moleques e me deram boa noite cinderela e fez o que fez: tiraram foto e peguei fama, infelizmente.

A jovem afrima que registrou Boletim de Ocorrência meses depois, quando a foto começou a circular. Ela diz que, desde a época em que foi dopada, frequentemente a foto é compartilhada entre seu ciclo de relacionamento.

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A estudante acredita que os vídeos foram feitos porque “têm muitas pessoas que sentem inveja ou querem ser melhor que alguém”.

Ela conta também que seus pais ficaram tristes quando a foto foi divulgada e, sempre que volta a circular, ficam “chocados”.

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— Meu pai chegou até a chorar. Nenhum pai quer passar vergonha e ver o filho passando por isso.

Grafitaço apaga recados para vítimas do “TOP 10” de muros da periferia de SP

Já outra estudante, também adolescente, não sofreu nenhuma acusação grave, e acredita que foi colocada em um vídeo pelo fato de ser “famosinha no Facebook”. A foto e o nome da adolescente aparecem acompanhada da frase “Só usa kit bode. Nóis te conhece camelô kkk (sic)”.

A estudante teme que saia em outros vídeos. Segundo ela, quando a pessoa aparece em uma gravação, é grande a possibilidade de sair em outros, com outras acusações.

— Eu não quero, mas acho que, se eu saí em um 'Top 10', posso sair em vários. Muitas pessoas acabam saindo em vários vídeos.

De acordo com adolescentes ouvidas pela reportagem, é comum a produção e compartilhamento de vídeos expondo a vida de adolescentes na região. Ninguém soube dizer, no entanto, a origem de nenhum dos vídeos, e resaltaram que surgem em grupos de salas de aula e de amigos no WhatsApp.

A coordenadora da SaferNet ressalta que, além das pessoas que fizeram o vídeo contendo as fotos, todos que recebem, enviam ou mantêm sob posse as imagens em que aparecem adolescentes nuas estão cometendo crime.

— Qualquer pessoas que recebe ou envia conteúdo de nudez e sexo cujos participantes são menores de idade pode responder por posse ou distribuição de pornografia infantil. Nossa orientação é que a pessoa apegue o vídeo. E, caso conheça algum dos participante ou quem passou a distribuir esse vídeo, também faça a denúncia em uma delegacia de polícia.

Juliana conta ainda que geralmente os autores dos vídeos também são menores de idade que fazem parte do ciclo de relacionamento das pessoas que aparecem expostas.

*Com colaboração de Kaique Dalapola, estagiário do R7

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