Momento em que o PM atira
ReproduçãoPouco antes de ser baleado, o suspeito morto por um policial militar na manhã de quarta-feira (18) em Guarulhos atropelou na fuga e arrastou por cerca de 10 metros um outro PM, que circulava à paisana de moto.
De acordo com depoimento à Polícia Civil prestado pelo cabo Eder Biazoto, responsável pelo disparo, o suspeito — identificado como Wanderson Souza Santos, de 23 anos — teria esbarrado no moto CBX 250 do sargento Alexandre Orlando Oliveira Machado logo que notou a presença da polícia.
Ouvido como testemunha, o sargento Machado afirmou que apenas sentiu a colisão, na altura do 1.200 da estrada Capão Bonito, mas não reconheceu o veículo que o arrastou.
Santos estava em um Fiesta roubado, supostamente acompanhado de um comparsa. Eles levavam no banco traseiro um caminhoneiro, que havia sido sequestrado horas antes.
Após a colisão, Santos foi perseguido pelo cabo Biazoto, que patrulhava a região de moto, enquanto o parceiro de patrulhamento do policial, o soldado Marcos de Oliveira, parou para atender Machado.
Batida no muro
Ainda segundo depoimento de Biazoto, depois do atropelamento, Santos acelerou, mas colidiu o carro roubado contra um muro, e assim iniciou a fuga a pé. O PM afirmou também que iniciou a perseguição ao suspeito, que teria sacado a arma da cintura e tentado atirar. A arma no entanto falhou.
Os dois teriam, então, iniciado uma briga. Um homem, não identificado pela polícia, que passava na rua no momento ajudou Biazoto a imobilizar Santos.
Neste momento, ainda conforme Biazoto, o suspeito tentou tirar a arma do policial de seu coldre, o que na sua versão fez com que o PM atirasse.
De acordo com o depoimento, o rapaz que ajudava a imobilizar Santos teria corrido depois do disparo. Nas imagens feitas por um celular no momento do disparo, o homem, de camiseta verde, não corre, mas caminha até um veículo que o aguardava, senta no banco do passageiros, e vai embora.
Arma no cativeiro
A vítima do veículo roubado afirmou em seu depoimento que o revólver calibre 38 da marca Taurus que foi apreendido como sendo de Santos, como consta em BO complementar à ocorrência, é o mesmo utilizado no cativeiro em que ele ficou durante algumas horas.
A vítima afirmou que foi abordado por dois homens por volta das 4h, em um VW Gol prata, que fechou o seu caminhão, onde transportava combustível. Um deles teria mandado que a vítima descer do caminhão e entrar em um Fiesta, por meio do qual foi levado ao cativeiro, onde permaneceu das 5h até as 9h45.
Segundo depoimento, a dupla recebeu ordens por telefone para soltar a vítima. Depois de andarem por cerca de 10 minutos, eles perceberam a presença policial e iniciaram a fuga.
A vítima, no banco de trás desceu do veículo no momento da colisão com a moto e encontrou o policial Oliveira. Ele afirmou que não ouviu disparos e não tem informação sobre a morte de Santos.
O boletim de ocorrência sobre o caso não informa o que aconteceu com o assaltante que estaria acompanhando Santos no Fiesta.
Outro lado
A reportagem procurou, por telefone, a mulher de Santos, mas ela não respondeu às ligações.
Questionada, a Secretaria de Estado da Segurança Pública afirmou que "o 4º DP do município instaurou inquérito policial e trabalha para esclarecer o fato". "O policial militar, assim como um motorista foram ouvidos. Diligências estão em andamento a fim de identificar testemunhas que tenham presenciado o crime", diz nota da pasta.
"A Polícia Militar, através do 44º BPM, instaurou inquérito policial militar para apurar os fatos, como de praxe em casos envolvendo morte decorrente de oposição à intervenção policial", prossegue o texto. "A Corregedoria da Polícia Militar acompanha o andamento das investigações e o policial militar foi afastado das atividades operacionais."
*Ana Beatriz Azevedo, estagiária do R7