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“TOP 10” é prova de que pais e escolas falham ao educar crianças na era da internet, diz psicóloga

Especialista diz que pais devem se dedicar a entender as ferramentas que os filhos usam

São Paulo|Sylvia Albuquerque, do R7

Adolescentes montam lista das 'mais vadias' e colocam para circular na internet
Adolescentes montam lista das 'mais vadias' e colocam para circular na internet Adolescentes montam lista das 'mais vadias' e colocam para circular na internet

A lista conhecida como "TOP 10", que circula entre alunos de escolas públicas nas periferias de São Paulo há mais de um ano, levanta o questionamento sobre a educação que recebem crianças e adolescentes em relação à internet. Para a psicóloga Rosa Maria Farah, coordenadora do NPPI (Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática) da PUC –SP, pais e educadores não estão conseguindo acompanhar as mudanças que levaram os pequenos a deixar a brincadeira na rua para se divertirem diante de um computador.

— As crianças e os adolescentes aprendem rapidamente a usar as ferramentas disponíveis na internet. Só que eles não conseguem compreender que os mesmos valores e obrigações da vida real precisam ser aplicados na internet. E que eles também podem ser punidos pelo que fazem no mundo virtual. Os pais e educadores não estão conseguindo ensinar isso.

O “TOP 10” é um ranking que classifica dez meninas como "vadias". Os nomes circulam pelo WhatsApp, vídeos no Youtube e Facebook. Os estudantes pegam fotos das redes sociais para montagem ou se utilizam de imagens de nudez que as meninas mandaram para algum namorado que repassou para os colegas. As vítimas dessa brincadeira têm suas vidas devastadas e passam a enfrentar depressão, algumas abandonam a escola e até mesmo tentam tirar a própria vida. Os pais dos responsáveis por montar a lista, e até mesmo das vítimas, não tomam conhecimento do que se passa com os filhos. As vítimas se calam. 

Meninas abandonam estudos e tentam suicídio após entrar para lista das "mais vadias

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A psicóloga diz que a única forma de reverter esse processo é aproximar cada vez mais os pais dos filhos no momento em que eles navegam. 

— Nós sabemos que educar é uma tarefa difícil e que a internet é uma coisa nova para todos. Os adultos tendem a usar a internet para assuntos mais específicos, mas os adolescentes usam por curiosidade, para descobrir o sexo e coisas 'da moda'. O caminho é se interessar pelas ferramentas usadas por eles, pedir para eles ensinarem e de alguma forma tentar aprender tudo. Aos poucos será possível compreender e ensinar que os mesmo valores da vida real precisam ser aplicados no mundo digital. Sabemos também que não adianta restringir o uso caso notar algo errado. É inútil. O ideal é ensinar. 

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Como psicóloga especialista no assunto, Rosa afirma que os pais acabam procurando ajuda somente quando o filho muda de comportamento, quando passa a ser introvertido e parece demonstrar um vício em se manter conectado. 

— Infelizmente, os pais só procuram ajuda quando os filhos apresentam algum problema que saiu do mundo virtual para o real, como se isolarem, apresentam prejuízo escolar e demonstrarem sintomas de estarem viciados. Quando vamos pesquisar a fundo, descobrimos que o paciente usa a internet para suprir outras carências das relações humanas. Uma espécie de refúgio, de auto-afirmação ou para encontrar um espaço no mundo. 

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Rosa explica que a dificuldade em educar esses filhos/internautas não é uma questão que envolve classe social. 

— Tendemos a imaginar que as classes mais pobres têm mais dificuldade porque não têm acesso à internet, mas não é o que acontece. Todos os níveis econômicos estão falhando nessa questão, incluindo as escolas. É uma fase de transição essa questão da internet e é o momento de nos alertarmos para que no futuro as coisas não piorem ainda mais. 

O que fazer quando seu filho é uma vítima?

Os pais também devem ficar atentos e tomar providências caso o filho seja vítima de um crime cometido na internet. A SaferNet orienta que caso a criança seja vítima como um caso do “TOP 10”, a primeira coisa é preservar todo o material. Imprima e salve as conversas, vídeos, fotos, tudo o que foi exposto. Em seguida, procure uma delegacia de polícia com o material em mãos. Pode ser uma unidade mais próxima ou delegacia especializada em crimes cibernéticos.

Os pais devem também pedir a remoção do conteúdo para o prestador de serviço onde o material está, como o Youtube, Facebook e outras redes. Geralmente os sites oferecem um canal de denúncia para conteúdos impróprios.

A PUC oferece um canal em que pais e sociedade podem aproveitar para tirar dúvidas. O serviço é gratuito e todas as dúvidas podem ser encaminhadas para o e-mail: nppi@pucsp.br

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