A reitoria da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) abriu, na última semana, uma sindicância para investigar o suposto assédio sexual que uma ex-aluna da pós-graduação teria sofrido por seu ex-orientador.
A comissão de sindicância, composta por servidores federais externos à universidade, terá 60 dias para a conclusão de seus trabalhos. A expectativa, portanto, é de que os resultados sejam divulgados na segunda quinzena do mês de maio.
A sindicância foi aberta após uma Comissão de Averiguação ter sido criada, em dezembro de 2014, para investigar o caso. Esse grupo encaminhou os resultados das investigações preliminares à reitoria no dia 6 de março.
Por meio de nota, a universidade diz que “a comissão anteriormente nomeada para averiguação sugeriu que seja mantido o caráter sigiloso do processo de investigação, o que está sendo acatado, por se tratar de informações pessoais – ou seja, relativas às 'vida privada, honra e imagem' das pessoas,”.
Entenda o caso
Em fevereiro deste ano, a doutora em sociologia pela UFSCar Thais Santos Moya, 31 anos, afirmou ter sido abusada sexualmente pelo seu ex-orientador nos anos de 2010 e 2011. O relato foi feito durante a 28ª audiência da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Trotes na Assembleia Legislativa de São Paulo.
A versão de Thais sobre o possível assédio veio à tona internamente na universidade em meados do ano passado, após as respostas de uma pesquisa acadêmica, o chamado survey, destinado aos estudantes de pós-graduação, terem sido divulgadas entre alunos e professores.
Já a repercussão nacional aconteceu em dezembro do ano passado, quando Thais publicou um texto de desabafo sobre o caso em sua página na rede social Fecebook. O relato não mencionava detalhes do suposto assédio.
O R7 teve acesso a uma carta dos estudantes do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar que mostra trecho das denúncias de Thais: “[Em outubro de 2010] em um dos únicos momentos de orientação que recebi em anos, o professor agiu de modo inconveniente e tentou me beijar na boca. Na verdade, beijou, pois me abraçou e encostou a boca dele na minha. Eu não o beijei. Afastei o meu rosto e o meu corpo. Eu fiquei totalmente paralisada, com medo de reclamar, xingar ou denunciar o que havia acontecido. Foi horrível. Entendi na pele o que é assédio. Você se sente agredida, invadida e ainda se culpa”.