No mundo, há entre um e três casos de SAF a cada mil nascidos vivos
Reprodução / iSaúdeUm em cada cinco médicos brasileiros aceitam a ingestão de até uma taça de vinho por gestantes, mesmo sem estudos que comprovem se há uma quantidade de álcool segura para consumo de grávidas, revela uma pesquisa inédita realizada pela SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo), com apoio da Marjan Farma.
O estudo ouviu 1.115 médicos pré-natalistas de São Paulo e Rio de Janeiro e conclui que 22,7% dos entrevistados aceitam a ingestão (tida como baixa) de álcool. No caso dos drinques com teor alcoólico mais elevado, 4,5% não contraindicam, desde que no limite de duas doses.
A exposição pré-natal a qualquer tipo e quantidade de bebida alcoólica pode acarretar a SAF (Síndrome Alcoólica Fetal), levando a malformações congênitas faciais, neurológicas, cardíacas e renais, além de alterações comportamentais na criança.
Os perigos começam desde a terceira semana de gravidez, quando, muitas vezes, a mulher ainda nem sabe que está grávida, pois é neste momento que o sistema nervoso central e o coração da criança começam a ser desenvolvidos.
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O levantamento ainda aponta outro sério problema na relação médico-paciente, considerando que 44,8% dos especialistas alegam que as mulheres não os informam se estão consumindo álcool durante a gestação.
No Brasil, não há levantamentos de número de casos de SAF, mas, mundialmente, cerca de um a três casos ocorrem a mil nascidos vivos.
Segundo Conceição Aparecida de Mattos Ségre, coordenadora do Grupo de Prevenção dos Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-Nascido da SPSP, não há qualquer comprovação de uma quantidade segura de bebida alcoólica que proteja a criança de qualquer risco.
— Neste caso, a gestante ou a mulher que pretende engravidar deve optar por tolerância zero à bebida alcoólica. Vale lembrar que os efeitos do álcool ocasionados pela ingestão materna de bebidas alcoólicas durante a gestação não têm cura, por isso vale a máxima: o quanto antes parar, melhor para o bebê, sua família e a sociedade. O diagnóstico precoce da doença e a instituição de tratamento multidisciplinar ainda na primeira infância podem abrandar suas manifestações.
Para conscientizar a população deste problema, foi lançada a campanha #gravidezsemalcool, que conta com apoio de diversas instituições médicas.