Os bancos de leite de São Paulo estão operando com estoques abaixo do ideal e, aproveitando a Semana Mundial de Aleitamento Materno, a Secretaria do Estado da Saúde está pedindo às mães em fase de amamentação que doem o leite excedente.
O problema é que muitas mulheres têm dúvidas sobre a doação do leite. Temem, muitas vezes, que falte alimento para o seu bebê, caso ela se torne doadora.
O ginecologista e obstetra Edilson Ogeda, coordenador do Núcleo de Ginecologia, Obstetrícia e Perinatologia do Hospital Samaritano, explica que, na fase inicial da amamentação, nem todas as mulheres conseguem perceber se terão demanda extra.
— Com o passar do tempo, a amamentação acaba sendo customizada para cada bebê, a produção costuma acompanhar a demanda. Mas se a demanda é alta, ou se esta mulher está motivada a doar, ela vai produzir bastante leite e poderá se tornar uma doadora.
Outro fator que facilita é a orientação de que o bebê esgote as mamadas em cada um dos seios, antes de passar para o próximo. Segundo o médico, hoje há um conhecimento maior sobre o leite materno, e já se sabe que, quando o bebê está mamando em um só peito, a primeira porção é rica em proteína, a segunda, em gordura.
— A mulher que deseja doar pode alternar a ordenha. Se ela estiver amamentando no seio direito, pode ordenhar o esquerdo. Na próxima mamada, oferece o esquerdo e faz a coleta do direito.
É importante ter cuidado com o armazenamento do leite, que deve ficar em ambiente refrigerado. Diante da queda nas doações, que despencaram à metade neste ano, alguns bancos de leite até retiram a coleta em domicílio. É o caso do Hospital Geral de Pedreira, uma das unidades que necessitam de doações para atender a mães e recém-nascidos.
Segundo a nutricionista clínica Bruna Peiker de Oliveira, responsável pelo Banco de Leite da unidade, todo esforço é válido, pois o leite materno é imprescindível para a saúde do recém-nascido, com nutrientes e anticorpos que o protegem de doenças.
— Dependendo da disponibilidade, retiramos o leite coletado em domicílio, caso elas não possam se dirigir ao banco. A sobrevivência de várias crianças depende das doações, seja por estarem abaixo do peso, ou porque suas mães não produzem leite para amamentá-las.
A nutricionista alerta que, em 2015, houve uma queda acentuada no número de doações.
— No primeiro semestre de 2014, tivemos uma média mensal de 237 doadoras e 27 litros de leite coletados. Neste ano, mensalmente estamos recebendo 164 doadoras e coletando 13 litros de leite.
O volume ideal de leite coletado varia de acordo com a demanda, que hoje seria de 30 litros ao mês no hospital, mais que o dobro da média atual. A queda nas doações ocorre principalmente durante o período de férias e inverno. Assim, a convocação da unidade é uma forma de conscientizar as mães da necessidade de doarem o excedente de leite e não jogá-lo fora.
No Banco de Leite, além da captação, tratamento e doação de leite materno, é oferecido também suporte multiprofissional para mães, bebês e orientações às doadoras sobre diversos temas, como coletar o leite em sua residência, por exemplo.
As interessadas em doar leite podem entrar em contato com o Banco de Leite do Hospital Geral de Pedreira, pelo telefone (11) 5613-5900, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h . O endereço é rua João Francisco de Moura, 251, Vila Campo Grande, São Paulo.
Existem mais de 50 bancos de leite em todo o Estado de São Paulo. A lista completa pode ser consultada no site, por meio do link “Encontre o BLH mais próximo de você”.