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Borderline pode ser confundida com depressão. Entenda o transtorno

Transtorno de personalidade faz com que paciente tenha dificuldade para lidar com emoções, tendo comportamentos impulsivos e oscilação de humor

Saúde|Giovanna Borielo, do R7*

Borderline é mais comum entre mulheres jovens
Borderline é mais comum entre mulheres jovens Borderline é mais comum entre mulheres jovens

Imagine que você brigou com sua melhor amiga. Normalmente, a situação pode ser resolvida com uma conversa, esclarecendo o que não gostou. Para uma pessoa com depressão, essa briga pode gerar apatia por uns dois dias e, se a amiga a procura, vocês se falam novamente. Já para uma pessoa com Borderline, a situação pode parecer o fim do mundo. Motivada pela impulsividade, a reação pode se tornar exagerada, recorrendo até a automutilação.

"Enquanto a pessoa com depressão fica mais abatida diante de algumas situações, o paciente com Borderline costuma ser reativo", afirma o psiquiatra Henrique Bottura, IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Bottura explica que reações exageradas, como a descrita acima, são frequentes em pessoas com esse transtorno, tornando isso um padrão comportamental, o que diferencia de comportamentos esporádicos.

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O Borderline (transtorno de personalidade limítrofe) é um transtorno de personalidade em que a pessoa não consegue lidar de maneira adequada com seus sentimentos. O termo significa "fronteiriço" e, antigamente, era colocado como uma situação pré-esquizofrênica, sendo um limite entre a esquizofrenia e a personalidade "normal". Com a evolução do diagnóstico, entendeu-se que eram transtornos diferentes, mas a nomenclatura continuou a mesma.

De acordo com o psiquiatra Fernando Fernandes, pesquisador do Programa de Transtornos do Humor do IPq-HCFMUSP, atualmente, existem cerca de 10 tipos de transtornos de personalidade diagnosticados. Esses transtornos possuem características comuns, como atitudes inflexíveis frequentes que causam prejuízos para a vida do paciente.

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Bottura afirma que, algumas vezes, o Borderline pode trazer sintomas depressivos, o que pode levar a uma confusão no diagnóstico. Ele afirma que pessoas que tenham transtornos de personalidade, por conta do sofrimento que o transtorno causa, podem estar mais sujeitas a ter também a depressão.

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Entre as características do transtorno Borderline estão a instabilidade — em empregos, relacionamentos, projetos — grande sensibilidade com oscilação entre a idealização, raiva e o desprezo, impulsividade, esforços intensos para evitar o abandono, seja esse real ou temido e, devido a esse medo, ter ideias paranoides, alucinações e momentos dissociativos.

Outras particularidades do transtorno estão relacionadas à definição da autoimagem, comportamentos ligados à automutilação e ao suicídio e sentimento crônico de um vazio.

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Embora possam ser confundidos, o transtorno de personalidade Borderline é diferente do transtorno afetivo bipolar. De acordo com Fernandes, a bipolaridade é caracterizada por fases em que o paciente sente depressão, agitação ou impulsividade, enquanto o Borderline ocorre de maneira constante.

O transtorno Borderline acomete de 1,5% a 3% da população, sendo mais comum entre mulheres e com a maioria dos diagnósticos realizados entre o final da adolescência e o início da vida adulta. De acordo com Fernandes, esse diagnóstico é firmado, geralmente, após os 18 anos, e é feito de maneira clínica por meio do histórico do paciente. 

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Segundo Bottura, diferentemente de outros transtornos psiquiátricos, os transtornos de personalidade não possuem a característica de falta de substâncias neuronais e falha na recepção de serotonina (neurotransmissor que regula a sensação de bem-estar), como a depressão.

O médico afirma que as causas do transtorno são múltiplas, sendo mais frequentes em pessoas que sofreram traumas, como agressões, abandono e abusos (emocional ou sexual) ainda na infância.

Fernandes afirma que não há cura para o Borderline, mas existe tratamento, sendo a psicoterapia obrigatória e medicamentos, como antidepressivos a estabilizadores de humor, recomendados de acordo com cada caso.

Bottura explica que o tratamento psicoterápico é fundamental para que o paciente possa ter controle emocional, além de ajudá-lo a amadurecer. "Ele consiguirá perceber e modular suas reações", diz.

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O transtorno tende a melhorar com tais abordagens e com o passar da idade, podendo estabilizar em torno dos 40 anos. Porém, alguns sentimentos podem ser contínuos ao longo da vida, como a sensação de vazio, e podendo necessitar da continuidade do acompanhamento psicológico para a manutenção dos sintomas.

Bottura afirma que, para ajudar uma pessoa com Borderline, é importante que amigos e familiares tenham conhecimento dos comportamentos que a pessoa tolera ou não. O psiquiatra ressalta que é importante demonstrar amorosidade, atenção e ter posicionamento firme, quando necessário.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Deborah Giannini

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