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Brasil emite alerta contra pólio após caso confirmado na Venezuela

Criança venezuelana infectada é primeiro na América Latina em 27 anos; autoridades do Brasil alertam para possibilidade de o vírus entrar no país

Saúde|Gabriela Lisbôa, do R7

No Brasil, crianças com menos de um ano não recebem vacina de vírus vivo
No Brasil, crianças com menos de um ano não recebem vacina de vírus vivo No Brasil, crianças com menos de um ano não recebem vacina de vírus vivo

O Ministério da Saúde divulgou, nesta terça-feira (12), um alerta para que estados e municípios intensifiquem as ações de vigilância epidemiológica e vacinação contra a poliomielite. 

O documento foi publicado depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmar um caso de paralisia flácida aguda causada pela poliomielite em uma criança venezuelana residente em uma comunidade indígena no estado de Delta Amacuro.

Até a confirmação deste novo caso na Venezuela, o último caso de poliomielite registrado na América Latina tinha sido no Peru, em 1991. No Brasil, o último caso é de 1990.

Segundo a OMS, a criança tem 2 anos e 10 meses e não foi vacinada contra a pólio. Mesmo assim, ela teria sido infectada pelo vírus vacinal.

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De acordo com o pediatra Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbin), isto é possível porque existem dois tipos de vacina contra a pólio, a de vírus morto, injetável, e a de vírus vivo inativado — as famosas gotinhas.

Vírus vivo

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Em crianças com menos de 1 ano que recebem a vacina com vírus vivo, pode acontecer deste vírus sofrer uma mutação no organismo e se fortalecer, ou seja, recuperar a capacidade de infecção e provocar a doença. É o que deve ter acontecido na Venezuela.

"Uma criança que recebeu a vacina e teve esta mutação encontrou uma criança não vacinada e acabou transmitindo o vírus para ela. Isso pode acontecer quando crianças menores recebem as primeiras doses da vacina com o vírus vivo e não como deveria ser feito, com vírus morto", explica Kfouri.

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Um outro caso na mesma comunidade ainda está sendo investigado. Trata-se de outra criança, de oito anos, que começa a apresentar sinais de paralisia nas pernas. Esta criança tem histórico de vacinação de apenas uma dose — o esquema ideal de vacinação contra a doença prevê que a criança tome três doses e mais dois reforços entre os 2 meses e 5 anos de idade.

Vigilância no Brasil

De acordo com o Ministério da Saúde, "a situação requer atenção por parte da vigilância e imunização do Brasil uma vez que há um grande contingente de venezuelanos com livre acesso ao país e se deslocando para diversas UF, em especial as da Região Norte".

O mesmo alerta foi feito nesta quarta-feira (13), pela Sociedade Brasileira de Pediatria, por meio de uma nota pública.

No texto, a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, diz que é preciso evitar o pânico, mas, ao mesmo tempo, manter a atenção.

"A poliomielite é uma doença que deixou lembranças dolorosas. Foi corrente no Brasil e, graças ao esforço conjunto de todos, foi erradicada. Por isso, é preciso estarmos atentos, vigilantes, para que ameaças externas não comprometam o bem-estar do nosso povo", destacou, ao pedir empenho dos pediatras na orientação aos pais sobre a relevância de manter as cadernetas de vacinação em dia.

Próxima campanha de vacinação está marcada para agosto
Próxima campanha de vacinação está marcada para agosto Próxima campanha de vacinação está marcada para agosto

Vacina é fundamental

O pediatra Renato Kfouri, explica que a vacinação é fundamental para que o vírus continue sem circular no país.

"As pessoas não precisam ter medo de vacinar os filhos", diz o pediatra. "No Brasil, a vacina de vírus vivo é dada apenas em crianças com mais de um ano. Bebês recebem a vacina de vírus morto, que não oferece risco. Nas crianças maiores, que recebem as gotinhas, não existe a possibilidade de acontecer uma mutação do vírus."

O Brasil promove campanhas de vacinação contra a pólio todos os anos, mesmo assim, a cobertura vacinal do país não chega aos 95% — o que seria ideal.

De acordo com a Sbin, metade dos municípios brasileiros possuem índice de cobertura que está abaixo disso. "Ainda existem muitos bolsões com baixa cobertura e isso é preocupante", destaca Kfouri.

De acordo com o Ministério da Saúde, a próxima Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite está marcada para acontecer entre os dias 6 e 24 de agosto. Mas, as crianças que ainda não receberam as primeiras doses podem ser levadas a um posto de saúde mesmo fora do período de campanha.

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