A orientação do Ministério da Saúde é reforçar a vacinação
Reprodução/ Ministério da SaúdeO Ministério da Saúde confirmou oito mortes por febre amarela em Minas Gerais, sendo quatro confirmadas por febre amarela silvestre (em circulação em região de mata). As outras quatro estão em análise de finalização do diagnóstico para descartar outras possibilidades, como a febre amarela vacinal, que é uma rara reação da desta vacina.
O diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, explicou detalhes da investigação dos casos.
— A confirmação de um caso de febre amarela ocorre após uma ampla investigação epidemiológica, que segue um protocolo internacional. O roteiro leva em conta, não apenas o resultado laboratorial, mas também o quadro clínico do paciente, seu histórico de deslocamento e o cenário epidemiológico. Um exame laboratorial pode resultar em positivo para febre amarela, por exemplo, se o paciente for vacinado.
De acordo com o órgão, três dos casos foram detectados por exames no IEC (Instituto Evandro Chagas) e outro foi confirmado pelo Instituto Adolfo Lutz. A investigação está sendo conduzida pelo Ministério da Saúde, Estado de Minas Gerais e municípios envolvidos. Até o momento, existem 206 casos suspeitos notificados, sendo 53 mortes suspeitas da doença em 29 municípios.
Mosquitos estão cada vez mais resistentes aos inseticidas e exagero no uso aumenta casos de doenças
Nesta quarta-feira (18), o Espírito Santo notificou o ministério sobre a existência de seis casos suspeitos de febre amarela silvestre nos municípios de São Roque do Canaã, Conceição do Castelo, Ibatiba e Colatina.
Em 2015, foram registrados nove casos de febre amarela silvestre em todo o Brasil, seis em Goiás, dois no Pará e um no Mato Grosso do Sul, com cinco mortes. Em 2016, foram confirmados sete casos da doença, nos Estados de Goiás (3), São Paulo (2) e Amazonas (2), sendo que cinco vítimas morreram. Atualmente, o Brasil tem registros apenas de febre amarela silvestre.
A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes), que pode levar à morte em cerca de uma semana, se não for tratada rapidamente. No Brasil, os casos da doença são classificados como febre amarela silvestre ou febre amarela urbana, sendo que o vírus transmitido é o mesmo, assim como os sintomas. A diferença entre elas é o mosquito vetor envolvido na transmissão.
Na febre amarela silvestre, a transmissão é feita por mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes para os macacos, que são os principais hospedeiros. Nessa situação, os casos em humanos ocorrem quando uma pessoa não vacinada adentra uma área silvestre e é picada por mosquito contaminado. Já a febre amarela urbana é transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti ao homem, mas esta não é registrada no Brasil desde 1942, no Acre.
Até 1999, a ocorrência de focos endêmicos de FAS estava restrita aos Estados das regiões Norte, Centro-Oeste e área pré-amazônica do Maranhão, além de esporadicamente na parte Oeste de Minas Gerais. Nos surtos ocorridos no período de 2000 a 2009, observou-se uma expansão da circulação viral no sentido leste e sul do País, detectando-se sua presença em áreas silenciosas há várias décadas. Os surtos de FA ocorrem, habitualmente, de forma cíclica, cada cinco a oito anos.
Vacinação
A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera que apenas uma dose da vacina já é suficiente para a proteção por toda a vida. No entanto, especialistas divergem sobre esta questão. Como medida adicional, o Ministério da Saúde definiu a manutenção do esquema de duas doses da vacina febre amarela no Calendário Nacional de Vacinação, sendo uma dose aos noves meses de idade e um reforço aos quatro anos.
Ainda segundo o ministério, a recomendação de vacinação para o restante do País continua a mesma: toda pessoa que reside em áreas com recomendação da vacina contra febre amarela e pessoas que vão viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata dentro dessas áreas, deve se imunizar. No entanto, a indicação é de que apenas uma dose seja dada, informa o coordenador de Controle de Doenças da Secretaria de Saúde de São Paulo, Marcos Boulos.
— A partir do momento que está demonstrado que uma dose você tem proteção, por, pelo menos, 30 anos, não entendo por que indicar o reforço. Se por ventura uma pessoa vacinou há 50 anos e quiser vacinar outra vez, é outra história. Mas com pessoas que se vacinaram os últimos 20 anos o reforço é desnecessário.
Os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Espírito Santo e Rio de Janeiro estão fora da área de recomendação para a vacina. Porém, foram enviadas 350 mil doses extras para o Rio devido à proximidade com a divisa leste de Minas.
Casos de febre amarela aumentam no Brasil. Saiba quais são os sintomas da doença