James M. teve diagnóstico positivo para varíola do macaco no dia 28 de maio
Reprodução/Daily MailUm homem britânico de 35 anos diagnosticado com varíola do macaco é a primeira pessoa a vir a público para falar sobre a doença. Em uma crítica ao serviço de vigilância epidemiológica do Reino Unido, James M. (ele não quis ter o sobrenome divulgado) contou ao jornal Daily Mail que autoridades sanitárias negligenciaram o caso dele.
“Ninguém me perguntou com quem tive contato. Foi-me dito que dentro de 24 horas do meu diagnóstico alguém da UKHSA [Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido] me ligaria. Liguei para a clínica todos os dias, perguntando 'por que não me ligam, não posso sair e não posso ir trabalhar'. A UKHSA não está me ligando, alguém precisa documentar isso", afirmou.
O rastreamento de contatos é apontado por especialistas como essencial para quebrar a cadeia de transmissão do vírus, ao isolar pessoas próximas de um paciente que podem vir a apresentar sintomas da doença.
Certo de que estava com alguma IST (infecção sexualmente transmissível), James, que é homossexual, procurou uma clínica local em Londres no dia 25 de maio após sentir "dores muito estranhas" na parte inferior das costas, exaustão, sede extrema e dor ao usar o banheiro.
Ainda assim, ele foi orientado a permanecer do lado de fora da unidade de saúde e a nem mesmo tocar nas maçanetas.
"Quando cheguei à clínica, disseram-me que eu deveria esperar do lado de fora da porta principal e ligar para eles. Eles disseram que colocariam EPI [equipamento de proteção individual]."
Os médicos, contou o paciente, não suspeitaram de varíola do macaco porque naquele momento ele ainda não apresentava as clássicas lesões na pele que caracterizam a doença.
Um exame, porém, confirmou no dia 28 de maio que James estava com a varíola do macaco.
James disse que posteriormente teve febre e dores nas costas, chegou a ligar para o pronto-socorro, mas foi orientado a não ir ao local porque era um fim de semana e não havia profissionais especializados na doença para atendê-lo.
Ele recebeu uma carta que o orientava a permanecer em casa até que a equipe da UKHSA entrasse em contato. O período de isolamento da varíola do macaco é de 21 dias.
O paciente ainda disse não saber de quem pode ter pegado a doença, que já se espalha entre pessoas sem histórico de viagem no Reino Unido.
Sobre as declarações de James, a UKHSA disse ao Daily Mail que tentou contato com ele mas não obteve sucesso.
A Inglaterra é o país do mundo com o maior número de casos confirmados de varíola do macaco: 287, nesta terça-feira (7).
A doença se disseminou inicialmente em círculos sociais de homossexuais, bissexuais e homens que fazem sexo com homens, o que levou a UKHSA a emitir um alerta para que esses indivíduos ficassem atentos aos sintomas e procurassem atendimento médico em caso de suspeita.
De modo geral, a varíola do macaco não é uma doença grave. Os sintomas melhoram espontaneamente, e não há sequelas.
No entanto, a rápida disseminação da doença tem intrigado especialistas. "O surto atual é a primeira vez que o vírus foi transmitido de pessoa para pessoa na Inglaterra, onde as ligações de viagem para um país endêmico não foram identificadas", declarou na semana passada a UKHSA.
Globalmente, já são 1.050 casos confirmados – a maioria na Europa – em 30 países.