Clipe de música sertaneja que narra a luta de uma mulher com câncer de mama é sucesso na internet
Reprodução/ YoutubeEm pouco mais de um mês, o clipe da música Mozão do sertanejo Lucas Lucco, 22 anos, teve mais de 14 milhões de visualizações no Youtube, uma verdadeira febre na internet. No roteiro, o músico acompanha a descoberta e o tratamento do câncer da parceira, interpretada por uma atriz, que com o apoio dele consegue vencer a doença. No final do clipe, foram inseridos depoimentos de mulheres que passaram por esta difícil batalha, chamando a atenção para a importância do diagnóstico precoce da doença.
O vídeo foi aprovado e recomendado pela mastologista Maira Caleffi, presidente da Femama (Federação Brasileira de Entidades Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama). Segundo a médica, o clipe se preocupou em fazer uma abordagem educativa da doença.
— Aplaudimos esta iniciativa. O clipe mostrou que a descoberta do câncer não é uma sentença de morte e, principalmente, enfatizou o apoio do cônjuge durante o tratamento, o que é muito importante para a mulher.
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O câncer de mama é o tumor mais frequente na população feminina. A boa notícia é que ele apresenta elevadas chances de cura se diagnosticado de forma precoce. Segundo a radiologista Elvira Ferreira Marques, diretora de mamografia e diagnóstico por imagem da mama do Hospital A.C Camargo, o exame "padrão ouro" para detecção da doença é a mamografia, que deve ser realizada anualmente a partir dos 40 anos.
— Em caso de mulheres com histórico familiar de câncer de mama, a mamografia deve ser antecipada para os 30 anos e intercalada com ressonância magnética, ou seja, um ano cada exame.
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De acordo com a especialista, há muitas controvérsias em relação ao rastreamento mamográfico, principalmente ao intervalo entre os exames (anual ou bienal) e a idade na qual ele deve ser iniciado, ou seja, 40 ou 50 anos.
— Há muitos trabalhos sobre o tema, mas no Brasil não há estudos conclusivos que cravem uma recomendação. Como o mais importante é diagnosticar o câncer de forma precoce, então quanto mais cedo o exame for realizado, menos invasivo será o tratamento e maior a possibilidade de cura.
Apesar da importância do exame, Maíra ressalta que a aderência das mulheres ainda é muito baixa no Brasil, assim divulgar o tema, especialmente na internet, para diferentes classes sociais é sempre muito importante.
— Infelizmente, ainda existem muitos medos e mitos em torno do câncer de mama e a procura pela mamografia é baixa no Brasil, fazendo com que nossos índices de cura não sejam os melhores.
Elvira também recomenda a realização do autoexame das mamas uma vez por mês. Sem nenhuma técnica específica, a orientação é que a mulher apalpe os seios no banho ou na frente do espelho para procurar algum nódulo. Retração da pele, alteração de cor ou nas aréolas e mamilos também devem ser sinais de alerta para procurar o médico, avisa a radiologista.
— Mulheres mais jovens devem fazer esta avaliação uma semana após a menstruação. Já as mais velhas, podem escolher uma data no mês e repetir o procedimento sempre no mesmo dia.
A especialista acrescenta que nem toda alteração é sinônimo de câncer, mas para eliminar qualquer dúvida vale visitar o médico.
Silicone pode atrapalhar o diagnóstico
Segundo a radiologista do A.C Camargo, a prótese de silicone pode atrapalhar a visualização de nódulos, já que sua densidade é maior do que a glândula mamária.
— Fazer a mamografia em mulheres com silicone é mais complexo porque precisamos fazer algumas manobras. De qualquer forma, o exame deve ser feito e a prótese não estoura.
Elvira explica que a prótese implantada atrás do músculo tem menos impacto na visualização do que as colocadas na frente do músculo. Além disso, ela acrescenta que se mesmo com a mamografia o médico ficou em dúvida sobre a presença de nódulos, ele pode solicitar uma ressonância magnética.
— O importante é rastrear a doença cedo para que o tratamento seja menos agressivo e a chance de cura elevada.
E a mensagem do clipe do sertanejo Lucas Lucco mostrou exatamente isso, conclui a presidente da Femama, “existe vida depois do diagnóstico do câncer de mama”.