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Como passar as festas com boa saúde mental após tantas perdas

Pandemia trouxe nova realidade para as comemorações de Natal e Ano-Novo, e as pessoas precisam se adequar emocionalmente

Saúde|Do R7

Famílias precisam se refazer das perdas para celebrar a vida nas festas de fim de ano
Famílias precisam se refazer das perdas para celebrar a vida nas festas de fim de ano Famílias precisam se refazer das perdas para celebrar a vida nas festas de fim de ano

A pandemia do coronavírus impôs às pessoas perdas significativas, que vão desde a morte de amigos e parentes queridos até o desemprego, a queda de renda e dificuldades com alimentação e moradia. Pesquisas feitas no mundo mostraram que a saúde mental foi extremamente afetada nos últimos dois anos.

Nesta época, marcada pelas festas do Natal e Ano-Novo, as perdas podem ser mais sentidas. Porém, algumas medidas simples, mas difíceis de ser executadas, ajudam a passar por este momento com um pouco mais de equilíbrio.

“O final de ano é um período que convida a algumas reflexões. Precisamos entender que os dois últimos anos vieram como um grande exercício de que a gente não tem o controle de tudo. Que é impossível a gente assumir a expectativa de que é capaz de controlar, seja a vida, o outro, ou qualquer coisa que não sejam as nossas próprias reações”, explica o psiquiatra e psicanalista Adilon Harley Machado, do Espaço Arquétipo.

A primeira medida indicada pelo médico é aceitar que o mundo está passando por momentos difíceis e de transformação. Por isso, é importante que cada pessoa seja mais gentil consigo mesma, com os outros e dê mais importância aos próprios sentimentos.

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“A gente precisa diminuir um pouco a pressão por respostas, por desenvolvimento, por competição ou comparações para ver quem está melhor que o outro. É importante que as pessoas consigam não deixar o olhar do outro as afetar de forma a pressioná-las”, diz Machado.

“É necessário entender que foi difícil para todo mundo, e cada um nesse contexto vai desenvolver ferramentas para lidar com a situação”, acrescenta.

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Metas para 2022 menos exigentes

Entre as reflexões do fim de ano sempre aparecem as expectativas e metas para o futuro. Machado orienta que não é o momento de programar muitas coisas sem levar em consideração o período atual e as perdas individuais.

“Sempre vem a ideia de fazer uma lista que a gente quer cumprir, e acho que [devemos] ser menos exigentes, no sentido de fazer o que é possível, de conseguir acolher as próprias dores, acolher as próprias fragilidades, sem a expectativa de ter que performar sempre em alto nível”, afirma.

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Metas que são consequências muitas vezes dos padrões sociais, como casar, arrumar um namorado ou namorada, comprar uma casa, um carro, emagrecer, ganhar mais, precisam ser entendidas de outra maneira, na avaliação do psiquiatra.

“Existe uma exigência social que nem sempre se consegue cumprir. Nesse momento é importante que a gente possa entender: eu não sou uma amálgama presa em um padrão. Sou um indivíduo com demandas específicas e que precisa entender que o fato que de alguma forma não ser representado no padrão não significa que eu falhei", explica.

Como lidar com a falta das pessoas?

Muitas famílias terão de passar as primeiras comemorações de fim de ano sem um familiar ou pessoa queria. Machado lembra que o momento é de pensar nas coisas boas vividas e aceitar que a perda é real.

“A gente vive num contexto em que a perda é sempre um desafio para aquilo que a gente deixa de experimentar do outro. Precisamos entender que a perda é real, mas ela não anula tudo o que a gente viveu de positivo, a história do outro, o que ele representa ou representou. A morte não é uma exclusão de uma história. As consciências não morrem e podem ser preservadas”, observa.

Acolher todos os sentimentos

Adilon Machado salienta que as pessoas precisam entender que todos os sentimentos fazem parte da vida e devem ser aceitos.

“Quando a gente pensa nos sentimentos, só queremos acolher os que são mais possíveis: a felicidade e a alegria. A gente tem dificuldade de entender que o sofrimento e a dor também são sentimentos e precisam ter um lugar. Se deixarmos que eles ocupem os lugares deles, eles não vão contaminar o resto”, lembra o médico.

E completa, acreditando em um resultado positivo após tudo o que foi vivido: “Que a gente tenha uma expansão da consciência coletiva, do que pode ser feito para um bem-estar coletivo. Assim como vivemos um sofrimento coletivo, temos ferramentas para trabalhar coletivamente para que todas as pessoas desfrutem do bem, e não [somente] pequenos grupos”.

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