Autoridades de saúde dos Estados Unidos receberam um pedido de autorização de uma vacina contra a Covid-19 desenvolvida na Índia, a Covaxin, para crianças e jovens entre 2 e 18 anos, anunciou a empresa Ocugen nesta sexta-feira (5).
No entanto, os testes clínicos dessa vacina, desenvolvidos em um pequeno grupo de crianças e fora dos Estados Unidos, podem não ser suficientes para que a exigente reguladora de medicamentos americana conceda a ela uma autorização de emergência.
Essa vacina recebeu aprovação de emergência da OMS (Organização Mundial da Saúde) na quarta-feira para uso a partir dos 18 anos.
Dezenas de milhões de doses do imunizante, licenciado em 17 países, já foram administradas a adultos em todo o mundo, afora os Estados Unidos, especialmente na Índia.
É uma vacina de vírus inativado, tecnologia relativamente convencional usada em outros imunizadores para crianças.
A empresa Bharat Biotech, da qual a Ocugen, sediada nos Estados Unidos, é parceira, conduziu testes clínicos em 526 crianças de 2 a 18 anos na Índia.
Os resultados desses testes foram então comparados com aqueles coletados de mais de 28.000 participantes em testes clínicos com adultos.
Os níveis de anticorpos para o vírus após a vacinação de pessoas com idade entre 2 e 18 anos "foram equivalentes aos observados em adultos com mais de 18 anos", disse Ocugen em comunicado.
"Esses resultados sugerem proteção semelhante em crianças", acrescentou.
A vacina é administrada em duas doses, com 28 dias de intervalo.
"Ter um novo tipo de vacina permitirá que as pessoas discutam com o médico de seus filhos a melhor abordagem para reduzir o risco de a criança contrair Covid-19", disse Shankar Musunuri, cofundador da Ocugen, citado no comunicado à imprensa.
"A tecnologia de vírus inativado foi usada por décadas para vacinas em crianças e, se licenciada, esperamos fornecer outra opção de imunizante para proteger crianças a partir dos 2 anos de idade", acrescentou.
Entre os 526 participantes, não houve casos de "hospitalização, óbito, miocardite, pericardite, síndrome de Guillain-Barré, reação trombocitopênica anafilática", afirmou o comunicado.
Mas a amostra pode ser muito pequena para detectar possíveis efeitos colaterais raros.
A FDA (reguladora de medicamentos dos Estados Unidos) pediu à Pfizer e à Moderna, cujas vacinas contra a Covid já foram licenciadas nos Estados Unidos, que conduzissem seus testes em milhares de crianças para detectar esses raros efeitos colaterais.
A vacina da Pfizer é a única aprovada para crianças com menos de 18 anos no país, e a FDA a estendeu na semana passada a crianças de 5 a 11 anos.