O surto de ebola que atinge a África ocidental pode se transformar em uma crise de segurança regional e global se não for contido, afirmou nesta quinta-feira (25) o presidente dos EUA, Barack Obama, durante encontro da ONU (Organização das Nações Unidas) para discutir o combate da doença. Como todos os participantes do evento, ele defendeu o aumento dos esforços mundiais para limitar o impacto do vírus.
"Se a epidemia não for barrada, essa doença pode gerar uma catástrofe humanitária na região. E em uma era na qual crises regionais podem rapidamente se tornar ameaças globais, conter o ebola é do interesse de todos nós", declarou na reunião, que teve a participação de pouco mais de 20 líderes mundiais.
O vírus já contaminou 6.263 pessoas e matou 2.917 em cinco países africanos: Guiné, Serra Leone, Libéria, Nigéria e Senegal. Caso a doença não seja controlada, o número de vítimas pode chegar a centenas de milhares de pessoas, estimam cientistas.
O presidente de Serra Leone, Ernest Bai Koroma, disse que o atraso na resposta ao vírus pode levar a um ritmo "exponencial" de contaminações.
"Ebola não é apenas uma doença de Serra Leone e seus vizinhos. É uma doença do mundo." Segundo ele, a globalização, a urbanização e a movimentação de pessoas ao redor do mundo ampliaram as chances de transmissão de vírus que antes permaneciam isolados.
Apesar de reconhecer avanços no combate da doença, Obama afirmou que a resposta está distante do necessário. "Todos mundo tem as melhores intenções, mas as pessoas não estão colocando os tipos de recursos que são necessários para barrar essa epidemia", observou.
Ebola: vacinas experimentais estarão disponíveis no início de 2015
Koroma ressaltou que os países da região precisam de mais profissionais de saúde, equipamentos de laboratório, clínicas, ambulâncias, treinamento e apoio logístico para enfrentar o ebola.
Na semana passada, os Estados Unidos decidiram enviar 3.000 soldados para apoiar as ações de combate ao ebola na África. O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, anunciou nesta quinta a duplicação, para US$ 400 milhões, dos recursos destinados pela entidade ao combate da doença.
"Nós estamos falando de nada menos do que o potencial derretimento desse continente", declarou. No encontro de ontem, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, disse que seu país mandará 2.000 voluntários para atuar contra a epidemia na África. Cuba também decidiu enviar médicos à região, enquanto o Japão aumentou os esforços para tentar desenvolver uma vacina contra o vírus.
A reunião de ontem foi convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, que há uma semana criou o grupo Resposta Emergencial ao Ebola, com a missão de coordenar os esforços de prevenção da doença. Nesta quinta, ele afirmou que a epidemia indicou a necessidade de a comunidade internacional ter uma "corporação" de médicos apoiados pela Organização Mundial de Saúde e a ONU para atuar em situações de emergência como essa.
"Da mesma maneira que temos as tropas de capacetes azuis para ajudar a manter a segurança das pessoas, uma corporação de aventais brancos poderia ajudar a manter as pessoas saudáveis", disse.
Cláudia Trevisan, enviada especial