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Fazer jejum emagrece? Em alguns casos, prática pode até trazer benefícios à saúde

Especialistas ressaltam que ficar horas sem comer sempre deve ser feito sob orientação médica

Saúde|Dinalva Fernandes, do R7

Comer menos é benéfico à saúde
Comer menos é benéfico à saúde Comer menos é benéfico à saúde

Muita gente pensa que ficar horas sem comer é a melhor forma para emagrecer. Em parte, essa afirmação está correta, mas é preciso sempre ter orientação médica se quiser adotar o hábito de jejuar como estilo de vida ou somente por algumas horas. Estudos mostram que comer menos ou mesmo ficar horas sem comer podem trazer benefícios à saúde. O médico e cientista japonês Yoshinori Ohsumi, inclusive, ganhou o prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia deste ano por uma pesquisa sobre autofagia — processo em que as células comem parte de si mesmas para se renovarem. Esse mecanismo do organismo pode ser estimulado pelo jejum, aumentando a longevidade.

O especialista em endocrinologia e metabologia do HC (Hospital das Clínicas) Bruno Halpern explica que há muitos anos se sabe que uma das formas mais eficazes de aumentar a longevidade da maior parte dos seres vivos é a redução calórica.

— Já foi mostrado em estudos feitos em leveduras [fungos] e em até mamíferos, como chimpanzés, que quando se reduz entre 30% e 40% de calorias na dieta, há aumento na longevidade. O animal pode viver um tempo maior porque a redução de calorias ativa vários mecanismos. [Basicamente], toda vez que a gente come se produz radicais livres. É como se fosse um efeito colateral para fazer as reações químicas e isso leva ao envelhecimento. Quanto menos calorias, menos radicais livres.

Segundo o especialista, pesquisas apontam que os efeitos são positivos a longo prazo em todo o corpo, diminuindo o risco de doenças como câncer e as cardiovasculares. Porém, Halpern ressalta que os estudos são importantes para descobrir vias de tratamentos para diversas doenças, mas ainda são pouco significativos para os seres humanos.

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— É difícil trazer esse conceito para os seres humanos porque isso não é dieta, mas sim um estilo de vida. Se você comer 30% menos calorias da adolescência à velhice, você vai ganhar só mais dois anos de expectativa de vida. Não basta um ou dois dias de jejum. Isso é para a vida inteira.

Na ilha de Okinawa, no Japão, por exemplo, os moradores defendem que comer menos só traz vantagens. Como ingerem menos calorias desde jovens, eles vivem mais e têm poucas doenças crônicas. Ainda segundo o endocrinologista, ficar sem comer não faz mal, desde que isso não seja feito todos os dias, porque pode acarretar deficiência de vitaminas e de nutrientes e problemas de saúde.

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— A gente tem que passar dessa teoria de que todo mundo tem comer de 3 em 3 horas. Claro que tem gente que não pode ficar muito tempo sem comer, já outras conseguem um período maior. Também há questões religiosas, como o Dia do Perdão para os judeus e o Ramadã para os muçulmanos. Então, se você ficar um dia sem comer não vai te acontecer nada, desde que consuma pelo menos água para evitar a desidratação.

Porém, o nutricionista esportivo Artur Pereira, da Clínica de Cirurgia Plástica Doutor Fernando Bianco, afirma que pessoas com problemas de saúde devem evitar o jejum.

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— O jejum pode interferir negativamente no funcionamento da insulina, por exemplo, que é o hormônio responsável pelo metabolismo da glicose, podendo favorecer ao diabetes.

Dieta da moda

A dieta do jejum intermitente entrou na moda especialmente depois de famosas, como a atriz Deborah Secco, revelar que passava até 23 horas sem comer para perder peso. De acordo com o endocrinologista, restringir a alimentação até esse ponto não é absurdo, desde que seja feito com acompanhamento médico.

— A dieta do jejum intermitente pode ser interessante, mas deve ser feito sob acompanhamento médico e nutricional. Estudos mostram que dietas com períodos de jejum e dietas com restrição calórica têm resultados iguais e são específicas para cada tipo de pessoa.

De acordo com Pereira, quem adere ao jejum intermitende pode perder massa muscular e engordar novamente.

— Esta perda de massa muscular leva o organismo a um processo de adaptação onde há redução do metabolismo e, consequente, transformação da energia do alimento consumido após jejum em gordura para ser estocado no tecido gorduroso.

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